Você sabia que vários dos nossos hábitos são herdados da cultura indígena?
Um dos costumes mais importantes é o de tomar banho todos os dias. Em outras culturas, como na dos países europeus, é comum as pessoas passarem dias sem tomar banho. Que bom que os índios nos ensinaram isso, né? Assim somos um povo bem cheirosinho!
Também aprendemos com eles o uso de chás e plantas medicinais para curar doenças. E como os índios têm muito conhecimento de ervas e plantas, muitos dos remédios que compramos hoje nas farmácias tiveram suas fórmulas baseadas em chás indígenas. É influência deles também a utilização de redes para dormir, as várias danças, principalmente as da região Norte do Brasil. E ainda várias canções e lendas do folclore brasileiro.
Terras
Para os índios, a terra é muito importante, sagrada mesmo. Não só porque é o lugar de onde tiram seu sustento, mas também porque é o que eles consideram como lar. Por isso a Constituição Brasileira garante que as terras dos índios devem ser demarcadas (determinadas) pelo governo e devem ser respeitadas por todos.
Mas a nossa amiga Légis lembra que, às vezes esses direitos não são respeitados. Alguns grandes proprietários de terras, madeireiros e garimpeiros tentam expulsar os índios de suas terras para explorá-las, e para isso, muitas vezes fazem uso de força bruta para tirálos de lá. A situação dos índios é grave em várias regiões, e infelizmente muitas comunidades indígenas perderam grande parte de seus territórios.
Direitos respeitados
O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo, recebeu neste mês várias lideranças indígenas, que vieram a Brasília discutir e votar um documento chamado Abril Indígena, que trata do Dia do Índio. Os índios entregaram ao presidente uma carta, pedindo que as aldeias possam ser ouvidas e lembraram que existem no Congresso Nacional quase 100 projetos sobre os direitos indígenas. Os líderes pediram que esses projetos sejam analisados em conjunto e sejam ligados aos debates do Estatuto dos Povos Indígenas (que é um documento que existe desde 1973 e regula a situação jurídica dos índios e suas comunidades). Aldo Rebelo comprometeu-se a criar uma comissão permanente para discutir os assuntos relativos à causa indígena.
Vida de índio
A nossa repórter Xereta entrevistou alguém muito especial para a nossa
reportagem: a índia Maria Helena Sarapó, que estava de passagem por Brasília. Nossa entrevistada mora na tribo dos Fulni-ô, uma aldeia de 6 mil índios no interior do Pernambuco, e contou como é a vida em sua aldeia. Você vai ver que ela é gente como a gente.
Como é a vida na sua tribo? O que vocês fazem no dia-a-dia?
A gente faz artesanato, cozinha e busca lenha no mato. Os homens caçam e fazem artesanato também: arco, flecha e lança. As crianças de manhã vão para a escola aprender português, e de tarde vão para a escola da nossa língua, o Iatê. Normalmente ficamos mesmo na aldeia, mas no final de agosto a gente vai para a reserva passar três meses, onde praticamos nossos rituais e ensinamos às crianças as tradições da tribo.
A escola consegue atender a todas as crianças da tribo?
Sim, a escola tem 10 salas de aula, e todas as crianças estudam.
A tribo tem energia elétrica?
Na aldeia temos energia elétrica, sim, e também televisão, som, escola de computação, telefone e água encanada. Mas na reserva, que é uma área mais isolada, só tem água encanada; não tem energia porque o cacique prefere que não tenha, lá a luz é de lampião.
A escola de computação é para toda a comunidade?
Sim, para toda a aldeia, e tem acesso à internet. Só que são 10 computadores para a aldeia toda (de 6 mil índios).
Que tipo de brinquedos as crianças têm na tribo?
Os pais fabricam brinquedos, mas eles recebem muita doação de bola, carrinho e outros brinquedos. Alguns índios têm mais condição e compram para os próprios filhos. Alguns índios da minha aldeia são funcionários da prefeitura e do estado. Esses têm mais condição, porque têm salário certo. Os que não têm, vivem das plantações, do artesanato e de doações.
Em que idade as crianças começam a ser consideradas adultas na tribo?
As meninas são consideradas adultas depois da menstruação, e os meninos, a partir dos 13 anos.
As crianças trabalham? Ajudam na plantação?
Só quando elas têm um tempinho, mas sempre a escola está em primeiro lugar.
O que a senhora acha de mais importante que os índios devem reivindicar?
A terra, pois as reservas não têm espaço suficiente. A nossa área é de 11 mil hectares. Antigamente era de 53 mil hectares, mas o branco foi tomando e só ficaram 11 mil. É muito apertado para mais de 6 mil índios. Porque a gente planta muitas coisas: milho, feijão, algodão, verduras, frutas.
Para a senhora, qual a importância de ter um dia dedicado aos índios?
É bom para as pessoas lutarem pelos direitos dos índios, porque ainda tem muita gente que não gosta de índio. Seria bom se as pessoas entendessem e apoiassem, porque de vez em quando tem questão de terra, com gente querendo tomar. Até índio queimado já mataram aqui mesmo em Brasília (o índio Galdino Jesus dos Santos foi queimado por cinco jovens enquanto dormia num ponto de ônibus, em 20 de abril de 1997) .
Que mensagem deixaria para as crianças?
Eu falaria para as crianças não seguirem maus exemplos, que elas seguissem sempre bons exemplos, porque quando a pessoa é criada vendo bons exemplos ela vai fazer boas ações. Vendo televisão, a gente vê tanta coisa ruim, mas quem tem um coração bom vai tentar ajudar para que o mal não aconteça mais. Eu queria que as crianças crescessem tendo paz no coração.
Recado dado, né, pessoal? Os índios têm muito o que nos ensinar!
Para brincar
O Museu do Índio tem um link em seu site totalmente dedicado às crianças. Lá você pode encontrar historinhas muito legais sobre a natureza, brincadeiras das crianças das tribos, desenhos para colorir, receitas bem gostosas e ainda muitas outras novidades. Muito bacana! Não perca tempo. Visite o site do Museu do Índio - http://www.plenarinho.gov.br/brasil/Reportagens.publicadas/dia-de-indio
FONTE: CEMEPE - CENTRO MUNICIPAL DE ESTUDOS E PROJETOS EDUCACIONAIS JULIETA DINIZ
0 comentários:
Postar um comentário