DIVIRTA-SE COM SEUS FILHOS NAS FÉRIAS
Certo pai contou que quando os seus filhos eram pequenos eles adoravam ter a "noite da família". Eles traziam seus colchões para o quarto do casal e dormiam no chão. Mas de vez em quando, eles tinham uma "super-noite da família". Esta era a noite em que todos dormiam no chão da sala. Não havia nenhuma razão lógica para que quatro pessoas com ótimas camas dormissem no chão, exceto que fazer isto era divertido.
Certa vez, durante uma palestra sobre vida familiar ele descreveu com mais detalhes a "super-noite da família": "Era fantástico! Nós nos deitávamos no escuro em frente à lareira, ouvindo fitas com histórias e comendo muito chocolate. " Quando ele terminou de falar já sabia que estava em maus lençóis ao ver um a senhora caminhando em sua direção. Ele já havia falado em público o suficiente para reconhecer aquele tipo de olhar a uma quadra de distância. Ela o puxou para o canto e perguntou: "Você acha certo incentivar as crianças a comerem chocolate antes de dormir? Seus dentes não vão se estragar?"
Esta é uma "desmancha-prazeres" em ação. Algumas pessoas não podem "farejar" um pouco de divertimento sem declarar guerra à chamada "imaturidade"! É claro que não foi satisfatória a explicação de que as crianças escovavam os dentes depois da "bagunça".
As crianças adoram as pessoas que tem tempo não apenas para ensiná-las, mas também para divertir-se com elas. Eu gostaria de desafiá-los a surpreender seus filhos! Um pai que queria economizar luz na sua casa já havia ameaçado seus filhos de várias maneiras sem ter sucesso pois eles continuavam deixando as luzes acesas. Até que um dia ele fez um cartaz com o nome de cada membro da família e colou na parede. Cada vez que uma pessoa apagava uma lâmpada que outro deixara acesa, ganhava um "X". Após uma semana quem possuía mais "X" ganhava 5 pontos e o jogo começava de novo. Quando alguém atingia 30 pontos, ganhava um prêmio. Meses depois, bastava deixar uma luz acesa por 5 segundos para que alguém viesse correndo apagá-la. A casa ficou mergulhada na escuridão. Todos estavam com medo de usar a eletricidade. Eu sei o que vocês estão pensando... Que isto durou pouco tempo. É verdade! Mas eu sei que daqui a 10 anos ou mais quando alguém falar sobre economizar energia com estes filhos, eles dirão: "Meu pai era doido - você nunca vai imaginar o que ele nos fazia fazer". E eles vão rir novamente lembrando daquele tempo.
Raramente o divertimento é uma coisa cara. Divertimento é montar uma barraca no fundo do quintal e dormir lá com os filhos. É ir ao cinema durante a semana de aulas, e dizer quando se está no trânsito: "O próximo carro que nós ultrapassarmos vai estar sendo dirigido pelo tipo de homem com quem a Maria vai casar" (diga aqui o nome de um dos seus filhos).
Ao se aproximar do carro, todos procurarão ver o motorista. As crianças certamente vão gargalhar com histeria e você terá que procurar manter a compostura.
É claro que existem perigos potenciais em todos estes exemplos. Você poderia pegar pneumonia dormindo no quintal; e nós sabemos que dormir tarde durante a semana de atividades escolares não é bom; também aquele homem no carro poderia não gostar da brincadeira e anotar a placa do seu carro... Mas provavelmente vale a pena, pelo menos de vez em quando, só pelas gargalhadas que a família dará junto.
Chegará o dia em que você terá que chorar com eles. Eles poderão ter 13 ou 33 anos e vocês colocarão os braços ao redor um do outro e passarão juntos pelas crises da vida.
Não há lar imune a este tipo de experiência. Mas a vida familiar precisa ser como uma tapeçaria entrelaçando tempos difíceis com momentos de riso incontrolável. Quando eles eram pequenos, você fazia cócegas neles para fazê-los rir... Nunca pare.
Nas próximas férias, faça seus filhos sorrirem não porque ganharam o presente de Natal que desejavam, mas porque vocês viveram juntos uma situação engraçada. Procure alguma outra criança que não teve a benção de ter pais como vocês e riam um pouco com ela!
Deus os abençoe.
Extraído de Rob Parsons por L.R.Silvado
DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE
Meu Diário,
Hoje tentei conversar novamente com meu pai. Acho que não vou falar nunca! Antes de eu conseguir dizer qualquer coisa ele já começa a se queixar do trabalho, é engraçado como as coisas acontecem.
Ele me pergunta como eu estou, me dá um beijo, senta no sofá dizendo estar muito cansado. Minha mãe também não pára um segundo, minha casa é a mais limpa que conheço, e assim mesmo minha mãe tem coisa prá fazer o tempo todo. Não entendo os pais. Será que são todos assim? Acho que eles pensam que está tudo ótimo comigo!
Que bom que pelo menos encontrei amigos bacanas como o Márcio, que ontem até deixou que eu experimentasse um trago do cigarro dele, ele é um cara legal mesmo, até me avisou que maconha faz mal, só que menos que o cigarro comum. Disse que se eu quisesse arranjaria um pouco prá mim, e ainda de graça! Acho que Deus é tão bom que quando não consigo ter amigos em casa, ele me dá amigos tão legais quanto o Márcio.
CARTA AOS PAIS
Também sou pai e portanto compreendo. Vocês querem o melhor para o filho, para a filha. A melhor escola, os melhores professores, os melhores colegas.
Vocês querem que filhos e filhas fiquem bem preparados para a vida. A vida é dura e só sobrevivem os mais aptos. É preciso ter uma boa educação.
Compreendo, portanto, que vocês tenham torcido o nariz ao saber que a escola ia adotar uma política estranha: colocar crianças deficientes nas mesmas classes das crianças normais. Os seus narizes torcidos disseram o seguinte:
- Não gostamos. Não deveria ser assim! O problema começa com o fato de as crianças deficientes serem fisicamente diferentes das outras, chegando mesmo, por vezes, a ter uma aparência esquisita. E isso cria, de saída, um mal-estar... digamos... estético. Vê-las não é uma experiência agradável. É preciso se acostumar... Para complicar há o fato de as crianças deficientes serem mais lerdas: elas aprendem devagar. As professoras vão ser forçadas a diminuir o ritmo do programa para que elas não fiquem para trás. E isso, evidentemente, trará prejuízos para nossos filhos e filhas, normais, bonitos, inteligentes. É preciso ser realista; a escola é uma maratona para se passar no vestibular. É para isso que elas existem. Quem fica para trás não entra... O certo mesmo seria ter escolas especializadas, separadas, onde os deficientes aprenderiam o que podem aprender, sem atrapalhar os outros.
Se é assim que vocês pensam eu lhes digo: Tratem de mudar sua maneira de pensar rapidamente porque, caso contrário, vocês irão colher frutos muito amargos no futuro. Porque, quer vocês queiram quer não, o tempo se encarregará de fazê-los deficientes.
É possível que na sua casa, num lugar de destaque, em meio às peças de decoração, esteja um exemplar das Escrituras Sagradas. Em regra a Bíblia está lá por superstição. As pessoas acreditam que Deus vai proteger. Se assim fosse, melhor que seguro de vida seria levar uma Bíblia sempre no bolso. Não sei se vocês a lêem. Deveriam. E sugiro um poema sombrio, triste e verdadeiro do livro de Eclesiastes. O autor, já velho, aconselha os moços a ensar na velhice. Lembra-te do Criador na tua mocidade, antes que cheguem os dias das dores e se aproximem os anos dos quais dirás: "Não tenho mais alegrias..." Antes que se escureça a luz do sol, da lua e das estrelas e voltem as nuvens depois da chuva... Antes que os guardas da casa comecem a tremer e os homens fortes a ficar curvados... Antes que as mós sejam poucas e pararem de moer... Antes que a escuridão envolva os que olham pelas janelas... Antes que as pessoas se levantem com o canto dos pássaros... Antes que cessem todas as canções... Então se terá medo das alturas e se terá medo de andar nos caminhos planos...
Certa vez, durante uma palestra sobre vida familiar ele descreveu com mais detalhes a "super-noite da família": "Era fantástico! Nós nos deitávamos no escuro em frente à lareira, ouvindo fitas com histórias e comendo muito chocolate. " Quando ele terminou de falar já sabia que estava em maus lençóis ao ver um a senhora caminhando em sua direção. Ele já havia falado em público o suficiente para reconhecer aquele tipo de olhar a uma quadra de distância. Ela o puxou para o canto e perguntou: "Você acha certo incentivar as crianças a comerem chocolate antes de dormir? Seus dentes não vão se estragar?"
Esta é uma "desmancha-prazeres" em ação. Algumas pessoas não podem "farejar" um pouco de divertimento sem declarar guerra à chamada "imaturidade"! É claro que não foi satisfatória a explicação de que as crianças escovavam os dentes depois da "bagunça".
As crianças adoram as pessoas que tem tempo não apenas para ensiná-las, mas também para divertir-se com elas. Eu gostaria de desafiá-los a surpreender seus filhos! Um pai que queria economizar luz na sua casa já havia ameaçado seus filhos de várias maneiras sem ter sucesso pois eles continuavam deixando as luzes acesas. Até que um dia ele fez um cartaz com o nome de cada membro da família e colou na parede. Cada vez que uma pessoa apagava uma lâmpada que outro deixara acesa, ganhava um "X". Após uma semana quem possuía mais "X" ganhava 5 pontos e o jogo começava de novo. Quando alguém atingia 30 pontos, ganhava um prêmio. Meses depois, bastava deixar uma luz acesa por 5 segundos para que alguém viesse correndo apagá-la. A casa ficou mergulhada na escuridão. Todos estavam com medo de usar a eletricidade. Eu sei o que vocês estão pensando... Que isto durou pouco tempo. É verdade! Mas eu sei que daqui a 10 anos ou mais quando alguém falar sobre economizar energia com estes filhos, eles dirão: "Meu pai era doido - você nunca vai imaginar o que ele nos fazia fazer". E eles vão rir novamente lembrando daquele tempo.
Raramente o divertimento é uma coisa cara. Divertimento é montar uma barraca no fundo do quintal e dormir lá com os filhos. É ir ao cinema durante a semana de aulas, e dizer quando se está no trânsito: "O próximo carro que nós ultrapassarmos vai estar sendo dirigido pelo tipo de homem com quem a Maria vai casar" (diga aqui o nome de um dos seus filhos).
Ao se aproximar do carro, todos procurarão ver o motorista. As crianças certamente vão gargalhar com histeria e você terá que procurar manter a compostura.
É claro que existem perigos potenciais em todos estes exemplos. Você poderia pegar pneumonia dormindo no quintal; e nós sabemos que dormir tarde durante a semana de atividades escolares não é bom; também aquele homem no carro poderia não gostar da brincadeira e anotar a placa do seu carro... Mas provavelmente vale a pena, pelo menos de vez em quando, só pelas gargalhadas que a família dará junto.
Chegará o dia em que você terá que chorar com eles. Eles poderão ter 13 ou 33 anos e vocês colocarão os braços ao redor um do outro e passarão juntos pelas crises da vida.
Não há lar imune a este tipo de experiência. Mas a vida familiar precisa ser como uma tapeçaria entrelaçando tempos difíceis com momentos de riso incontrolável. Quando eles eram pequenos, você fazia cócegas neles para fazê-los rir... Nunca pare.
Nas próximas férias, faça seus filhos sorrirem não porque ganharam o presente de Natal que desejavam, mas porque vocês viveram juntos uma situação engraçada. Procure alguma outra criança que não teve a benção de ter pais como vocês e riam um pouco com ela!
Deus os abençoe.
Extraído de Rob Parsons por L.R.Silvado
DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE
Meu Diário,
Hoje tentei conversar novamente com meu pai. Acho que não vou falar nunca! Antes de eu conseguir dizer qualquer coisa ele já começa a se queixar do trabalho, é engraçado como as coisas acontecem.
Ele me pergunta como eu estou, me dá um beijo, senta no sofá dizendo estar muito cansado. Minha mãe também não pára um segundo, minha casa é a mais limpa que conheço, e assim mesmo minha mãe tem coisa prá fazer o tempo todo. Não entendo os pais. Será que são todos assim? Acho que eles pensam que está tudo ótimo comigo!
Que bom que pelo menos encontrei amigos bacanas como o Márcio, que ontem até deixou que eu experimentasse um trago do cigarro dele, ele é um cara legal mesmo, até me avisou que maconha faz mal, só que menos que o cigarro comum. Disse que se eu quisesse arranjaria um pouco prá mim, e ainda de graça! Acho que Deus é tão bom que quando não consigo ter amigos em casa, ele me dá amigos tão legais quanto o Márcio.
CARTA AOS PAIS
Também sou pai e portanto compreendo. Vocês querem o melhor para o filho, para a filha. A melhor escola, os melhores professores, os melhores colegas.
Vocês querem que filhos e filhas fiquem bem preparados para a vida. A vida é dura e só sobrevivem os mais aptos. É preciso ter uma boa educação.
Compreendo, portanto, que vocês tenham torcido o nariz ao saber que a escola ia adotar uma política estranha: colocar crianças deficientes nas mesmas classes das crianças normais. Os seus narizes torcidos disseram o seguinte:
- Não gostamos. Não deveria ser assim! O problema começa com o fato de as crianças deficientes serem fisicamente diferentes das outras, chegando mesmo, por vezes, a ter uma aparência esquisita. E isso cria, de saída, um mal-estar... digamos... estético. Vê-las não é uma experiência agradável. É preciso se acostumar... Para complicar há o fato de as crianças deficientes serem mais lerdas: elas aprendem devagar. As professoras vão ser forçadas a diminuir o ritmo do programa para que elas não fiquem para trás. E isso, evidentemente, trará prejuízos para nossos filhos e filhas, normais, bonitos, inteligentes. É preciso ser realista; a escola é uma maratona para se passar no vestibular. É para isso que elas existem. Quem fica para trás não entra... O certo mesmo seria ter escolas especializadas, separadas, onde os deficientes aprenderiam o que podem aprender, sem atrapalhar os outros.
Se é assim que vocês pensam eu lhes digo: Tratem de mudar sua maneira de pensar rapidamente porque, caso contrário, vocês irão colher frutos muito amargos no futuro. Porque, quer vocês queiram quer não, o tempo se encarregará de fazê-los deficientes.
É possível que na sua casa, num lugar de destaque, em meio às peças de decoração, esteja um exemplar das Escrituras Sagradas. Em regra a Bíblia está lá por superstição. As pessoas acreditam que Deus vai proteger. Se assim fosse, melhor que seguro de vida seria levar uma Bíblia sempre no bolso. Não sei se vocês a lêem. Deveriam. E sugiro um poema sombrio, triste e verdadeiro do livro de Eclesiastes. O autor, já velho, aconselha os moços a ensar na velhice. Lembra-te do Criador na tua mocidade, antes que cheguem os dias das dores e se aproximem os anos dos quais dirás: "Não tenho mais alegrias..." Antes que se escureça a luz do sol, da lua e das estrelas e voltem as nuvens depois da chuva... Antes que os guardas da casa comecem a tremer e os homens fortes a ficar curvados... Antes que as mós sejam poucas e pararem de moer... Antes que a escuridão envolva os que olham pelas janelas... Antes que as pessoas se levantem com o canto dos pássaros... Antes que cessem todas as canções... Então se terá medo das alturas e se terá medo de andar nos caminhos planos...
Quando a amendoeira florescer com suas flores brancas, quando um simples gafanhoto ficar pesado e as alcaparras não tiverem mais gosto... Antes que se rompa o fio de prata e se despedace a taça de ouro e se quebre o cântaro junto à fonte e se parta a roldana dopoço e o pó volte à terra... Brumas, brumas, tudo são brumas... (Eclesiastes 12: 1-8)
Os semitas eram poetas. Escreviam por meio de metáforas. Metáfora é uma palavra que sugere uma outra. Tudo o que está escrito nesse poema se refere a você, a mim, a todos.
Antes que se escureça a luz do sol... Sim, chegará o momento em que os seus olhos não verão como viam na mocidade. Os seus braços ficarão fracos e tremerão no seu corpo curvo. As mós - seus dentes - não mais moerão por serem poucos. E a cama pela manhã, tão gostosa no tempo da mocidade, ficará incômoda. Você se levantará tão cedo quanto os pássaros e terá medo de andar por não ver direito o caminho. É preciso ser prudente porque os velhos caem com facilidade por causa de suas pernas bambas e podem quebrar a cabeça do fêmur. Pode até ser que você venha a precisar de uma bengala. Por acaso os moinhos pararão de moer?
Os semitas eram poetas. Escreviam por meio de metáforas. Metáfora é uma palavra que sugere uma outra. Tudo o que está escrito nesse poema se refere a você, a mim, a todos.
Antes que se escureça a luz do sol... Sim, chegará o momento em que os seus olhos não verão como viam na mocidade. Os seus braços ficarão fracos e tremerão no seu corpo curvo. As mós - seus dentes - não mais moerão por serem poucos. E a cama pela manhã, tão gostosa no tempo da mocidade, ficará incômoda. Você se levantará tão cedo quanto os pássaros e terá medo de andar por não ver direito o caminho. É preciso ser prudente porque os velhos caem com facilidade por causa de suas pernas bambas e podem quebrar a cabeça do fêmur. Pode até ser que você venha a precisar de uma bengala. Por acaso os moinhos pararão de moer?
Não, os moinhos não param de moer. Mas você parará de ouvir. Você está surdo. Seu mundo ficará cada vez mais silencioso. E conversar ficará penoso. Você verá que todos estão rindo. Alguém disse uma coisa engraçada. Mas você não ouviu. Você rirá, não por ter achado graça, mas
para que os outros não percebam que você está surdo. Você imaginou uma velhice gostosa. E até comprou um sítio com piscina e árvores. Ah! Que coisa boa, os netos todos reunidos no "Sítio do Vovô", nos fins de semana! Esqueça. Os interesses dos netos são outros. Eles não gostam de conviver com deficientes. Eles não aprenderam a conviver com deficientes.
Poderiam ter aprendido na escola mas não aprenderam porque houve pais que protestaram contra a presença dos deficientes.
A primeira tarefa da educação é ensinar as crianças a serem elas mesmas. Isso é extremamente difícil. Fernando Pessoa diz: Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim. Freqüentemente as escolas esmagam os desejos das crianças com os desejos dos outros que lhes são impostos. O programa da escola, aquela série de saberes que as professoras tentam ensinar, representa os desejos de um outro, que não a criança. Talvez um burocrata que pouco entende dos desejos das crianças. É preciso que as escolas ensinem as crianças a tomar consciência dos seus sonhos!
A segunda tarefa da educação é ensinar a conviver. A vida é convivência com uma fantástica variedade de seres, seres humanos, velhos, adultos, crianças, das mais variadas raças, das mais variadas culturas, das mais variadas línguas, animais, plantas, estrelas...
Conviver é viver bem em meio a essa diversidade. E parte dessa diversidade são as pessoas portadores de alguma deficiência ou diferença. Elas fazem parte do nosso mundo. Elas têm o direito de estar aqui. Elas têm direito à felicidade. Sugiro que vocês leiam um livrinho que escrevi para crianças, faz muito tempo: Como nasceu a alegria. É sobre uma flor num jardim de flores maravilhosas que, ao desabrochar, teve uma de suas pétalas cortada por um espinho.
Se o seu filho ou sua filha não aprender a conviver com a diferença, com os portadores de deficiência, e a ser seus companheiros e amigos, garanto-lhes: eles serão pessoas empobrecidas e vazias de sentimentos nobres. Assim, de que vale passar no vestibular?
Li, numa cartilha de curso primário, a seguinte estória: Viviam juntos o pai, a mãe, um filho de 5 anos, e o avô, velhinho, vista curta, mãos trêmulas. Às refeições, por causa de suas mãos fracas e trêmulas, ele começou a deixar cair peças de porcelana em que a comida era servida. A mãe ficou muito aborrecida com isso, porque ela gostava muito do seu jogo de porcelana. Assim, discretamente, disse ao marido: Seu pai não está mais em condições de usar pratos de porcelana. Veja quantos ele já quebrou! Isso precisa parar... O marido, triste com a condição do seu pai mas, ao mesmo tempo, sem desejar contrariar a mulher, resolveu tomar uma providência que resolveria a situação. Foi a uma feira de artesanato e comprou uma gamela de madeira e talheres de bambu para substituir a porcelana. Na primeira refeição em que o avô comeu na gamela de madeira com garfo e colher da bambu o netinho estranhou. O pai explicou e o menino se calou. A partir desse dia ele começou a manifestar um interesse por artesanato que não tinha antes. Passava o dia tentando fazer um buraco no meio de uma peça de madeira com um martelo e um formão. O pai, entusiasmado com a revelação da vocação artística do filho, lhe perguntou: O que é que você está fazendo, filhinho? O menino, sem tirar os olhos da madeira, respondeu: Estou fazendo uma gamela para quando você ficar velho...
Pois é isso que pode acontecer: se os seus filhos não aprenderem a conviver numa boa com crianças e adolescentes portadores de deficiências eles não saberão conviver com vocês quando vocês ficarem deficientes. Para poupar trabalho ao seu filho ou filha sugiro que visitem uma feira de artesanato. Lá encontrarão maravilhosas peças de madeira...
A TIGELA DE MADEIRA
Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.
As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes.
A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer.
Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa.
O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.
- "Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho.
- "Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca
aberta e comida pelo chão."
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação.
Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira.
Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão.
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira.
Ele perguntou delicadamente à criança:
- "O que você está fazendo?"
O menino respondeu docemente:
- "Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer."
O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho.
Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos.
Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família.
Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família.
E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.
QUANTO VALE UMA HORA DE SEU TEMPO
- Um menino, com voz tímida e os olhos cheios de admiração, pergunta ao pai , quando este retorna do trabalho:
- Pai, quanto o senhor ganha por hora?
- O pai, num gesto severo, responde: Escuta aqui meu filho, isto nem a sua mãe sabe. Não me amole, estou cansado!
- Mas o filho insiste: Mas papai, por favor, diga quanto o senhor ganha por hora?
A reação do pai foi menos severa e respondeu: Três reais por hora.
- Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real?
- O pai, cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, respondeu: Então essa era a razão de querer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não me amole mais!
Já era noite quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado.
Talvez, quem sabe, o filho precisasse comprar algo. Querendo descarregar sua consciência doida, foi até o quarto do menino e, em voz baixa, perguntou:
- Filho, está dormindo?
- Não, papai! - o garoto respondeu sonolento e choroso.
- Olha, aqui está o dinheiro que me pediu: Um real.
- Muito obrigado papai! - disse o filho, levantando-se e retirando mais dois reais de uma caixinha que estava sob a cama. Agora já completei, papai! Tenho três reais. Poderia me vender uma hora de seu tempo?
(Autor desconhecido)
TOQUES DE TERNURA
SER PAI É MELHOR DO QUE UM CURSO DE TEOLOGIA.
"Papai."
A voz vinha do outro mundo - o mundo do despertar. Eu a ignorei e continuei no mundo do dormitar.
"Papai", a voz insistiu.
Abri os olhos. Andréa, nossa filha de três anos, estava à beira da minha cama, a poucos centímetros do meu rosto.
"Papai, eu estou com medo!"
Abri o olho. Eram três horas da manhã.
"O que está acontecendo?"
"Preciso de uma lanterna no meu quarto."
"O quê?"
"Preciso de uma lanterna no meu quarto!"
"Por quê?"
"Porque está escuro."
Disse-lhe que as luzes do corredor estavam acesas. "Mas papai", objetou, "o que acontece se eu abrir os meus olhos e não enxergar nada?"
"Diga de novo."
"O que acontece se eu abrir os meus olhos e não enxergar nada?"
Quando eu estava para dizer a Andréa que aquela não era uma hora apropriada para esse tipo de pergunta, minha mulher interrompeu a conversa. Ela me explicou que por volta de meia-noite faltou energia e que Andréa deve ter acordado naquela hora, notando que estava escuro.
Não havia luz no abajur da cabeceira. Não havia luz no corredor. Ela havia aberto os olhos e não vira nada. Somente escuridão.
Mesmo os corações mais empedernidos seriam tocados pela idéia de uma criança acordar no escuro e não poder encontrar a saída de seu quarto.
Pulei da cama, peguei Andréa nos braços, apanhei uma lanterna e a levei para sua cama. Ao mesmo tempo, disse-lhe que papai e mamãe estavam ali e que não precisava ter medo. Eu a coloquei na cama e lhe dei um beijo.
E isso foi o O sentimento de minha filha é ferido. Eu lhe digo que ela é especial.
Minha filha está com medo. Não vou dormir até que ela se sinta segura.
Não sou nenhum herói. Não sou um super-homem. Não sou diferente de ninguém. Sou um pai. Quando uma criança se fere, o pai faz o que é natural. Ele ajuda.
E depois que ajudo, não cobro pelos serviços prestados. Não peço um favor sequer como recompensa. Quando minha filha chora, não lhe digo para calar a boca, ser forte e conservar os lábios cerrados. Também não consulto uma lista de coisas que lhe aconteceram e pergunto por que continua a ferir-se no mesmo lugar e a me acordar de novo.
Não sou brilhante, mas ninguém precisa me dizer que uma criança não é um adulto. Você não precisa ser psicólogo infantil para saber que uma criança está em processo de crescimento.
Não sou profeta, nem filho de profeta, mas algo me diz que, no esquema geral das coisas, os momentos de ternura acima citados são infinitamente mais valiosos do que qualquer coisa que faça diante de uma tela de computador ou uma congregação. Algo me diz que os momentos de conforto que dou a meus filhos são um preço muito pequeno pela alegria de algum dia ver minha filha fazer por sua filha o que seu pai fez por ela.
Momentos do conforto proporcionados por um pai. Como pai, posso lhe dizer que são os momentos mais agradáveis do meu cotidiano. Eles correm naturalmente. São feitos com boa vontade. Trazem sempre muita alegria.
Se tudo isso é verdade, se reconheço que um dos privilégios da paternidade é confortar um filho, por que, então, hesito em permitir que o Pai celeste me conforte?
Por que penso que Ele não quer me ouvir falar em meus problemas? (Eles são insignificantes se comparados com as populações famintas da Índia.)
Por que penso que Ele não tem tempo para mim? (Ele tem o universo inteiro para cuidar.)
Por que acho que Ele está cansado de ouvir sempre as mesmas coisas?
Por que penso que resmunga quando nota que estou chegando perto dele?
Por que acho que consulta uma lista quando lhe peço perdão e me pergunta: "Você não acha que está caindo no mesmo buraco com muita freqüência?"
Por que acho que tenho que usar com Ele uma linguagem sagrada que não uso com ninguém mais?
Por que acho que Ele não pensa em relação ao pai da mentira o que eu pensei em fazer com os pais daqueles meninos arruaceiros que ameaçaram minha filha no ônibus?suficiente para Andréa.
Penso que estava sendo apenas poético quando me perguntou se as aves do céu e a erva do campo têm preocupações? (Não, senhor.) E se eles não têm preocupações, por que eu devo ter?
Por que não levo à sério quando Ele pergunta: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está no céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?"
Por que não permitir que meu Pai faça por mim o que estou mais do que desejoso de fazer por meus próprios filhos?
Estou aprendendo, entretanto. Ser pai é melhor do que um curso de teologia. Ser pai me ensina que, quando sou criticado, ferido, amedrontado, há um Pai pronto a me confortar. Há um Pai que me sustenta nos braços até eu me sentir melhor, que me ajuda até que eu possa viver com o ferimento, e que não dormirá quando estou com medo de acordar e ver a escuridão. Sempre.
E isso é o bastante.
(Autor desconhecido)
para que os outros não percebam que você está surdo. Você imaginou uma velhice gostosa. E até comprou um sítio com piscina e árvores. Ah! Que coisa boa, os netos todos reunidos no "Sítio do Vovô", nos fins de semana! Esqueça. Os interesses dos netos são outros. Eles não gostam de conviver com deficientes. Eles não aprenderam a conviver com deficientes.
Poderiam ter aprendido na escola mas não aprenderam porque houve pais que protestaram contra a presença dos deficientes.
A primeira tarefa da educação é ensinar as crianças a serem elas mesmas. Isso é extremamente difícil. Fernando Pessoa diz: Sou o intervalo entre o meu desejo e aquilo que os desejos dos outros fizeram de mim. Freqüentemente as escolas esmagam os desejos das crianças com os desejos dos outros que lhes são impostos. O programa da escola, aquela série de saberes que as professoras tentam ensinar, representa os desejos de um outro, que não a criança. Talvez um burocrata que pouco entende dos desejos das crianças. É preciso que as escolas ensinem as crianças a tomar consciência dos seus sonhos!
A segunda tarefa da educação é ensinar a conviver. A vida é convivência com uma fantástica variedade de seres, seres humanos, velhos, adultos, crianças, das mais variadas raças, das mais variadas culturas, das mais variadas línguas, animais, plantas, estrelas...
Conviver é viver bem em meio a essa diversidade. E parte dessa diversidade são as pessoas portadores de alguma deficiência ou diferença. Elas fazem parte do nosso mundo. Elas têm o direito de estar aqui. Elas têm direito à felicidade. Sugiro que vocês leiam um livrinho que escrevi para crianças, faz muito tempo: Como nasceu a alegria. É sobre uma flor num jardim de flores maravilhosas que, ao desabrochar, teve uma de suas pétalas cortada por um espinho.
Se o seu filho ou sua filha não aprender a conviver com a diferença, com os portadores de deficiência, e a ser seus companheiros e amigos, garanto-lhes: eles serão pessoas empobrecidas e vazias de sentimentos nobres. Assim, de que vale passar no vestibular?
Li, numa cartilha de curso primário, a seguinte estória: Viviam juntos o pai, a mãe, um filho de 5 anos, e o avô, velhinho, vista curta, mãos trêmulas. Às refeições, por causa de suas mãos fracas e trêmulas, ele começou a deixar cair peças de porcelana em que a comida era servida. A mãe ficou muito aborrecida com isso, porque ela gostava muito do seu jogo de porcelana. Assim, discretamente, disse ao marido: Seu pai não está mais em condições de usar pratos de porcelana. Veja quantos ele já quebrou! Isso precisa parar... O marido, triste com a condição do seu pai mas, ao mesmo tempo, sem desejar contrariar a mulher, resolveu tomar uma providência que resolveria a situação. Foi a uma feira de artesanato e comprou uma gamela de madeira e talheres de bambu para substituir a porcelana. Na primeira refeição em que o avô comeu na gamela de madeira com garfo e colher da bambu o netinho estranhou. O pai explicou e o menino se calou. A partir desse dia ele começou a manifestar um interesse por artesanato que não tinha antes. Passava o dia tentando fazer um buraco no meio de uma peça de madeira com um martelo e um formão. O pai, entusiasmado com a revelação da vocação artística do filho, lhe perguntou: O que é que você está fazendo, filhinho? O menino, sem tirar os olhos da madeira, respondeu: Estou fazendo uma gamela para quando você ficar velho...
Pois é isso que pode acontecer: se os seus filhos não aprenderem a conviver numa boa com crianças e adolescentes portadores de deficiências eles não saberão conviver com vocês quando vocês ficarem deficientes. Para poupar trabalho ao seu filho ou filha sugiro que visitem uma feira de artesanato. Lá encontrarão maravilhosas peças de madeira...
A TIGELA DE MADEIRA
Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.
As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes.
A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer.
Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa.
O filho e a nora irritaram-se com a bagunça.
- "Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho.
- "Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca
aberta e comida pelo chão."
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação.
Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira.
Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão.
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira.
Ele perguntou delicadamente à criança:
- "O que você está fazendo?"
O menino respondeu docemente:
- "Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer."
O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho.
Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos.
Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito. Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família.
Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família.
E por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.
QUANTO VALE UMA HORA DE SEU TEMPO
- Um menino, com voz tímida e os olhos cheios de admiração, pergunta ao pai , quando este retorna do trabalho:
- Pai, quanto o senhor ganha por hora?
- O pai, num gesto severo, responde: Escuta aqui meu filho, isto nem a sua mãe sabe. Não me amole, estou cansado!
- Mas o filho insiste: Mas papai, por favor, diga quanto o senhor ganha por hora?
A reação do pai foi menos severa e respondeu: Três reais por hora.
- Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real?
- O pai, cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, respondeu: Então essa era a razão de querer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não me amole mais!
Já era noite quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado.
Talvez, quem sabe, o filho precisasse comprar algo. Querendo descarregar sua consciência doida, foi até o quarto do menino e, em voz baixa, perguntou:
- Filho, está dormindo?
- Não, papai! - o garoto respondeu sonolento e choroso.
- Olha, aqui está o dinheiro que me pediu: Um real.
- Muito obrigado papai! - disse o filho, levantando-se e retirando mais dois reais de uma caixinha que estava sob a cama. Agora já completei, papai! Tenho três reais. Poderia me vender uma hora de seu tempo?
(Autor desconhecido)
TOQUES DE TERNURA
SER PAI É MELHOR DO QUE UM CURSO DE TEOLOGIA.
"Papai."
A voz vinha do outro mundo - o mundo do despertar. Eu a ignorei e continuei no mundo do dormitar.
"Papai", a voz insistiu.
Abri os olhos. Andréa, nossa filha de três anos, estava à beira da minha cama, a poucos centímetros do meu rosto.
"Papai, eu estou com medo!"
Abri o olho. Eram três horas da manhã.
"O que está acontecendo?"
"Preciso de uma lanterna no meu quarto."
"O quê?"
"Preciso de uma lanterna no meu quarto!"
"Por quê?"
"Porque está escuro."
Disse-lhe que as luzes do corredor estavam acesas. "Mas papai", objetou, "o que acontece se eu abrir os meus olhos e não enxergar nada?"
"Diga de novo."
"O que acontece se eu abrir os meus olhos e não enxergar nada?"
Quando eu estava para dizer a Andréa que aquela não era uma hora apropriada para esse tipo de pergunta, minha mulher interrompeu a conversa. Ela me explicou que por volta de meia-noite faltou energia e que Andréa deve ter acordado naquela hora, notando que estava escuro.
Não havia luz no abajur da cabeceira. Não havia luz no corredor. Ela havia aberto os olhos e não vira nada. Somente escuridão.
Mesmo os corações mais empedernidos seriam tocados pela idéia de uma criança acordar no escuro e não poder encontrar a saída de seu quarto.
Pulei da cama, peguei Andréa nos braços, apanhei uma lanterna e a levei para sua cama. Ao mesmo tempo, disse-lhe que papai e mamãe estavam ali e que não precisava ter medo. Eu a coloquei na cama e lhe dei um beijo.
E isso foi o O sentimento de minha filha é ferido. Eu lhe digo que ela é especial.
Minha filha está com medo. Não vou dormir até que ela se sinta segura.
Não sou nenhum herói. Não sou um super-homem. Não sou diferente de ninguém. Sou um pai. Quando uma criança se fere, o pai faz o que é natural. Ele ajuda.
E depois que ajudo, não cobro pelos serviços prestados. Não peço um favor sequer como recompensa. Quando minha filha chora, não lhe digo para calar a boca, ser forte e conservar os lábios cerrados. Também não consulto uma lista de coisas que lhe aconteceram e pergunto por que continua a ferir-se no mesmo lugar e a me acordar de novo.
Não sou brilhante, mas ninguém precisa me dizer que uma criança não é um adulto. Você não precisa ser psicólogo infantil para saber que uma criança está em processo de crescimento.
Não sou profeta, nem filho de profeta, mas algo me diz que, no esquema geral das coisas, os momentos de ternura acima citados são infinitamente mais valiosos do que qualquer coisa que faça diante de uma tela de computador ou uma congregação. Algo me diz que os momentos de conforto que dou a meus filhos são um preço muito pequeno pela alegria de algum dia ver minha filha fazer por sua filha o que seu pai fez por ela.
Momentos do conforto proporcionados por um pai. Como pai, posso lhe dizer que são os momentos mais agradáveis do meu cotidiano. Eles correm naturalmente. São feitos com boa vontade. Trazem sempre muita alegria.
Se tudo isso é verdade, se reconheço que um dos privilégios da paternidade é confortar um filho, por que, então, hesito em permitir que o Pai celeste me conforte?
Por que penso que Ele não quer me ouvir falar em meus problemas? (Eles são insignificantes se comparados com as populações famintas da Índia.)
Por que penso que Ele não tem tempo para mim? (Ele tem o universo inteiro para cuidar.)
Por que acho que Ele está cansado de ouvir sempre as mesmas coisas?
Por que penso que resmunga quando nota que estou chegando perto dele?
Por que acho que consulta uma lista quando lhe peço perdão e me pergunta: "Você não acha que está caindo no mesmo buraco com muita freqüência?"
Por que acho que tenho que usar com Ele uma linguagem sagrada que não uso com ninguém mais?
Por que acho que Ele não pensa em relação ao pai da mentira o que eu pensei em fazer com os pais daqueles meninos arruaceiros que ameaçaram minha filha no ônibus?suficiente para Andréa.
Penso que estava sendo apenas poético quando me perguntou se as aves do céu e a erva do campo têm preocupações? (Não, senhor.) E se eles não têm preocupações, por que eu devo ter?
Por que não levo à sério quando Ele pergunta: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está no céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?"
Por que não permitir que meu Pai faça por mim o que estou mais do que desejoso de fazer por meus próprios filhos?
Estou aprendendo, entretanto. Ser pai é melhor do que um curso de teologia. Ser pai me ensina que, quando sou criticado, ferido, amedrontado, há um Pai pronto a me confortar. Há um Pai que me sustenta nos braços até eu me sentir melhor, que me ajuda até que eu possa viver com o ferimento, e que não dormirá quando estou com medo de acordar e ver a escuridão. Sempre.
E isso é o bastante.
(Autor desconhecido)
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