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26 de novembro de 2013

Relatório de Avaliação Pedagógica



Por: Julia Virginia de Moura – Pedagoga

O Relatório de Avaliação Pedagógica é solicitado à Equipe multidisciplinar (ao pedagogo ou psicopedagogo) de alunos encaminhados com queixas de dificuldades acentuadas de aprendizagem. Essa solicitação pode ser feita pelo professor, pela família ou por profissionais da saúde: psicólogo, fonoaudiólogo, pediatra, hebiatra ou neurologista.

A finalidade dessa solicitação é obter dados relevantes que possam levar à identificação da origem da dificuldade que o aluno está apresentando, situação momentânea que pode ser trabalhada pala própria equipe multidisciplinar da escola ou que poderá ser levada a uma investigação mais aprofundada se as causas estiverem ligadas a algum tipo de transtorno mental.

O aluno deve ser acolhido pela equipe multidisciplinar e após estabelecer vínculos afetivos há vários passos a serem seguidos para concluir um relatório: análise das queixas principais, atividades pedagógicas do aluno, observação feita pelo avaliador em sala de aula e outros ambientes da escola, anamnese com a mãe (preferencialmente) e várias entrevistas para avaliar todos os aspectos do desenvolvimento global do aluno, através de exercícios lúdicos e significativos. Há várias sugestões de matérias e como usá-los na avaliação, inclusive o teste da psicogenética da escrita, neste artigo.


Observação:

A avaliação do aluno que se encontra em pleno desenvolvimento global em que a sua evolução é diretamente dependente da plasticidade neuronal, que ocorre tanto no desenvolvimento normal quanto nos casos de lesão, na tentativa de restauração funcional, deve, portanto ser considerada como um momento de desenvolvimento neuropsicomotor capaz de sofrer alterações. Essa observação deve ser colocada no relatório e ser respeitada dentro do processo de investigação pedagógica, psicológica e neurológica, evitando, dessa forma, um resultado conclusivo errôneo.

Anamnese – Importância na Investigação de Dificuldades de Aprendizagem – todos os aspectos que devem ser abordados, detalhados e assinalados quanto à sua importância e as condições exigidas para que se possa colher informações relevantes ao processo de investigação pedagógica do aluno.

Os principais aspectos são:

• queixa principal,

• história do desempenho escolar,

• história familiar,

• hábitos diários,

• vida familiar, antecedentes maternos,

• antecedentes gestacionais,

• parto e período neonatal,

• desenvolvimento neuropsicomotor,

• interações sociais.

 Relatório de Avaliação Pedagógica com fins de avaliação psicodiagnóstico.

 

RELATÓRIO PEDAGÓGICO

(Cabeçalho)

1 – Identificação

Nome da Instituição, aluno (dados pessoais), professor, ano / série em curso, local e data).

2 – Recomendações gerais:

• Recomenda-se zelo em relação aos dados da vida do aluno, no sentido de evitar que os mesmos sejam divulgados a pessoas não envolvidas no processo ensino-aprendizagem, preservando dessa forma a individualidade do aluno;

• Solicita-se zelo em relação aos dados da avaliação que possam gerar dúvidas ou má interpretação. Sugerimos que neste caso, seja procurada imediatamente a equipe responsável pelo trabalho;

• As informações contidas neste relatório foram colhidas no período..._.

3 – Identificação da Equipe:

(dados dos profissionais que compõem a equipe multidisciplinar)

4 – Motivo do Encaminhamento

(principal queixa e origem da solicitação: escola, família, profissionais da saúde).

5 – Síntese da investigação:

A Equipe Especializada de Apoio à Aprendizagem observou o aluno em sala de aula e em outros ambientes da escola, entrevistou o professor analisou o material da criança e realizou entrevista com a mãe (anamnese).

O aluno após se sentir acolhido e familiarizado com o ambiente e com a Equipe participou de vários encontros lúdicos, significativos com fins avaliativos.

“L” de conformação física frágil evidencia estatura um pouco abaixo do normal para sua idade, apresentou-se com os cabelos bem cortados à moda atual dos garotos da sua idade, uniforme limpo demonstrando cultivar bons hábitos e cuidados com a higiene.

O aluno com 09 anos, cursando o 3º ano, duas repetências, apresentou-se nos diversos momentos da avaliação com tranquilidade, humor estável, comunicação através de poucas frases e uma postura sugerindo afetivo triste. Interagiu bem, com naturalidade, através do contato de olhos inconstante sugerindo, em alguns momentos de seus relatos da vida diária, um pouco de tensão e ansiedade.

Durante a entrevista “L” manteve uma atividade motora com poucos movimentos físicos, pouca gesticulação, expressão facial triste, pouca alteração na expressividade, a mesma entonação de voz: baixa de vez em quando uma leve gagueira, com resposta breve sem muitos detalhes, usando constantemente a expressão “às vezes”.

De acordo com o relato da mãe, o aluno nasceu de parto induzido, cesariana, sem necessitar permanecer em incubadora. Nos primeiros anos de sua infância não apresentou grandes problemas de saúde; a mãe relatou lembrar-se apenas de que era um bebê que chorava muito, nervoso e não dormia bem, demorou em falar as primeiras palavras com significado; o desenvolvimento motor foi um pouco tardio em relação aos irmãos, realizou o controle dos esfíncteres aos quatro anos.

Atualmente tem bronquite asmática, é, portanto, alérgico, alimenta-se mal, está com o peso abaixo do normal, queixa às vezes dores de cabeça. Percebe que o filho é “desligado”, sendo necessário receber comandos para realizar as atividades da vida diária, desde o início da atividade até a finalização, caso contrário, começa e não termina; quando acha que ele tem uma espécie de “apagão” é necessário ser chamado, e aí se assusta. Não gosta de ir à escola. Às vezes não tem interesse em estar com outras crianças preferindo se isolar, em outros momentos interage bem e faz amigos. Fez uso da linguagem oral com significado aos 5 anos de idade, tem um pouco de gagueira, troca fonemas na fala. Tem um irmão mais velho que estuda também nesta Unidade Escolar que se encontra em dificuldades de aprendizagem, tem epilepsia e faz uso de medicamentos fortes para conter as convulsões.

Os pontos mais relevantes do relato da mãe foram: parto induzido, choro prolongado e intermitente, sono intranquilo até os 6 anos, demora em desenvolver a comunicação verbal (aos 6 anos) e os episódios de ausências- “apagões”, somando ás dificuldades de aprendizagem na idade escolar, observados na escola.

Foram observados e avaliados, na sala de aula (em grupo), individualmente na sala da Equipe e em outros ambientes da escola: sala de leitura, sala de artes, laboratório de informática, recreação: atenção e concentração, esquema corporal, a estruturação espaço-temporal, lateralidade, orientação espacial através de análise e síntese visual e auditiva, coordenação vasomotora, equilíbrio, desenvolvimento intelectual afetivo-social. Conceitos básicos de psicomotricidade: em cima /embaixo, dentro/fora, perto/longe, atrás/na frente, cores primárias e secundárias, formas geométricas, leitura e a interpretação, a produção de textos, análise linguística e sistematização para o domínio do código, (teste da psicogenética da escrita), Linguagem oral (constituição da fala: troca, omissão ou não de fonemas), do raciocínio lógico, de acordo com a proposta pedagógica.

“L” após se sentir acolhido e estimulado pela Equipe de Apoio Pedagógico realizou todas as atividades propostas com atenção, concentração (sendo que em sala de aula mantem-se disperso; evidenciando atender comandos e compreensão de enunciados, respondendo através de pouca gesticulação, comunicação limitada a algumas frases).

Em relação à estruturação espaço-temporal, apresenta conhecimento em desenvolvimento, com algumas falhas na compreensão de si mesmo e de situar-se no tempo (horas; ontem, hoje e amanhã; dias da semana, meses do ano), mas já identifica o bairro onde mora, o estado; o país somente através de intervenção; domina dos conceitos em cima /embaixo, dentro/fora, perto/longe, atrás/na frente, equilíbrio, locomoção e lateralidade definida.

A memória lógica, auditiva e visual evidencia algumas dificuldades em verbalizar respostas que possam ser avaliadas.

Quanto à inteligência demonstrou capacidade, em desenvolvimento abaixo ao esperado pela sua idade e ano cursado, de assimilar conhecimentos e compreender as relações entre eles, integrando-os aos conhecimentos já adquiridos anteriormente; de raciocinar logicamente e de forma abstrata, manipulando conceitos, números e palavras.

Foram avaliadas a leitura e a interpretação, a produção de textos, análise linguística e sistematização para o domínio do código, do raciocínio lógico.

Na sistematização para o domínio do código, o aluno encontra-se em processo, no nível intermediário da psicogênese silábico/alfabético, em que para algumas sílabas usa só uma letra, escrevendo as demais alfabeticamente; as capacidades, no campo da leitura estão em desenvolvimento: lê algumas palavras de estrutura simples, e produz pequenas frases.

A análise linguística demonstra que os aspectos textuais como: construção de frases e períodos, coesão e coerência, vocabulário, parágrafo, gênero assim como os aspectos gramaticais, ortografia, acentuação, pontuação, concordância, forma, legibilidade e estética são conceitos e práticas que ainda não estão estruturados, evidenciando defasagem de conteúdos para o ano cursado.

As noções prévias do pensamento lógico matemático encontram-se no nível operatório-concreto, em que classificação, seriação, conservação, inclusão de classe se encontram em desenvolvimento aquém ao esperado para sua idade/ano. Realiza contagem de 1 em 1 até 80, com alguns números espelhados e quantifica até 70.

Reconhece e relaciona quantidades: maior que, menor que. Realiza cálculo mental utilizando os dedos como suporte, lê, interpreta (com ajuda) e resolve situações-problemas de estrutura simples com suporte de estímulos (gravuras), operacionaliza adição e subtração até 50, não domina ainda os fatos da multiplicação.

6 - Conclusão

Aluno com 09 anos, com duas repetências, vem de um ambiente familiar inseguro pela ausência da mãe que trabalha fora do lar, cuja interação social se encontra em desenvolvimento, dificuldades na aquisição de conhecimentos acadêmicos; linguagem oral comprometida com troca e omissões de fonemas; sem autonomia e independência nas atividades da vida diária, desatento e disperso em sala de aula, em todos os aspectos avaliados encontra-se em defasagem idade/ano cursado, em relação aos conteúdos e dentro do aspecto cognitivo encontra-se em um desenvolvimento, porém aquém ao esperado. Apresentando algumas dificuldades específicas na escrita, em grau menor no raciocínio lógico matemático.

7_ Orientação á Família e ao Professor:

O aluno necessita ser melhor acompanhado e estimulado em suas atividades da vida diária e nos deveres de casa, pela família, procurando elevar sua autoestima através da atenção e afetividade.

Em sala de aula e nas demais atividades como sala de leitura, laboratório de informática e recreação, o professor deverá manter o aluno sob sua atenção, incentivando-o no desempenho de todas as atividades propostas, procurando despertar sua curiosidade e vontade de aprender através de atividades significativas voltadas para os interesses do aluno. Fazer uso de material concreto e lúdico. Atividades específicas de escrita e leitura que promovam o avanço na hipótese silábica. Estimular a interação social através de trabalhos em grupo, em sala de aula, e posições de liderança nas recreações.

O aluno deverá ser atendido pela Equipe Multidisciplinar (Apoio á Aprendizagem) participando de oficinas de psicomotricidade e autoestima, em grupos de alunos.

*Estas orientações preliminares devem ser desenvolvidas até que haja novas orientações após avaliações fonoaudiológica e psicológica com provável indicação neurológica.

8- Encaminhamentos:

Avaliação da acuidade visual, auditiva; avaliação e acompanhamento fonoaudiólogos, psicológicos, caso seja necessário avaliação neurológica, para que melhor seja atendido em suas necessidades educacionais.

 

Equipe Multidisciplinar

Assinaturas:

Local e data.

 

Link pesquisa: 

http://soatividadesparasaladeaula.blogspot.com.br/2013/01/relatorio-de-avaliacao-pedagogicacorpo.html

FONTE:
 

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