Oração: rumo ao encontro com Deus
Artigo sobre oração e gratidão
Um dos nossos maiores compositores, Gilberto Gil, canta uma belíssima verdade: “Se eu quiser falar com Deus tenho que ficar a sós, apagar a luz, calar a voz e encontrar a paz (...)”. Para falar com Deus não há dificuldade, não existe ciência secreta, nem mesmo receita pronta.
Para falar com Deus basta seguir a simples descoberta de Santa Teresinha: voltar-se para o céu em contemplação, como fez Jesus (Jo 17,1). Ou, ainda, descobrir no outro a possibilidade de orar constantemente no serviço incondicional de suas alegrias e tristezas.
Oração de louvor
Nos Livros Sagrados encontramos ricos registros de oração e louvores, daqueles que costumamos chamar de Povo de Deus. Exemplo disso são os Salmos. Os salmistas cantam suas experiências com Javé, derramam-se em louvor e súplica ao Deus que salva dos grilhões da escravidão e sela a promessa de uma nova terra, onde corre leite e mel. Nos Salmos encontramos ensinamentos contínuos sobre a oração. Mostram como entoar louvores simples e espontâneos, atrelando-os ao nosso contexto histórico.
A oração de louvor é erguida a Deus por toda a sua grandeza. É o momento de reconhecer os seus feitos, agradecendo-o por ser o que é. A oração de louvor é totalmente desinteressada, dirigida a Deus; cantada para Deus; dando-lhe glória, mais por aquilo que ele é do que pelo que ele faz. É a gratidão rendida mesmo quando tudo está um caos e a vida em intensa desordem nos motiva a praguejar, lamuriar e lamentar. Louvar, mesmo quando o nosso clamor parecer esquecido. “Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado nem imputou nada de indigno contra Deus” (Jó 1, 22).
O mercado da oração
O que temos assistido no tempo presente é a deturpação da oração. Vemos a oração manobrada pelos nossos interesses, comercializada pelo mercado da fé, tabelada pelo império do sagrado. Anunciam a oração de pouco ou mais poder, numa negociata sem vergonha e sem pudores. Não entendem o discurso de Paulo sobre a graça: nada precisamos dar. Não galgamos méritos diante de Deus pelas nossas ações, porque Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2, 11).
O Espírito Santo dá a algumas pessoas um carisma especial de cura e libertação dos males para manifestar a força da graça que emana do ressuscitado, porém as filas quilométricas que se formam em frente de templos que prometem o fim do sofrimento e a libertação das enfermidades não estão em conformidade com esse propósito. Não estou fazendo apologia ao sofrimento e nem diminuindo o poder dos céus.
Paulo, na Bíblia, diz contundentemente que os sofrimentos que temos de supor tar podem ter como sentido “completar na minha carne o que falta às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
Práxis de libertação
A oração é algo simples, que pode ser dita ou calada; apregoada ou sentida; nos joelhos prostrados ao chão ou na ação junto com o irmão. Orar é também agir fazendo brotar uma espiritualidade que nasce de um encontro forte com Deus na pessoa dos mais pobres. É a fé confrontada com toda a injustiça feita aos pequenos e desprotegidos de nossa sociedade.
Contemplar Cristo crucificado é fazer a experiência do Cristo Servo sofredor e, assim, percebê-lo em tantos rostos solapados pela ganância humana que produz cada vez mais crianças nas sinaleiras, cadeias lotadas e imundas, mulheres violentadas na sua dignidade, idosos em filas de hospitais, pessoas discriminadas e lesadas na liberdade. Enfim, tocar Cristo naquele que está na sarjeta, nos guetos, nas favelas, nas esquinas. É se encontrar com o crucificado que chora e grita: “Tenho fome, estou aprisionado, encontro-me nu” (Mt 25, 31-46).
Fazer a experiência orante exige indignar-se com a injustiça imposta aos pobres, no comprometimento com a libertação. É fazer parte da mística da vida que nos ensina que a minha felicidade passa pela felicidade do outro, que a minha ressurreição desponta com o ressuscitar do meu irmão que sofre.
Para falar com Deus basta seguir a simples descoberta de Santa Teresinha: voltar-se para o céu em contemplação, como fez Jesus (Jo 17,1). Ou, ainda, descobrir no outro a possibilidade de orar constantemente no serviço incondicional de suas alegrias e tristezas.
Oração de louvor
Nos Livros Sagrados encontramos ricos registros de oração e louvores, daqueles que costumamos chamar de Povo de Deus. Exemplo disso são os Salmos. Os salmistas cantam suas experiências com Javé, derramam-se em louvor e súplica ao Deus que salva dos grilhões da escravidão e sela a promessa de uma nova terra, onde corre leite e mel. Nos Salmos encontramos ensinamentos contínuos sobre a oração. Mostram como entoar louvores simples e espontâneos, atrelando-os ao nosso contexto histórico.
A oração de louvor é erguida a Deus por toda a sua grandeza. É o momento de reconhecer os seus feitos, agradecendo-o por ser o que é. A oração de louvor é totalmente desinteressada, dirigida a Deus; cantada para Deus; dando-lhe glória, mais por aquilo que ele é do que pelo que ele faz. É a gratidão rendida mesmo quando tudo está um caos e a vida em intensa desordem nos motiva a praguejar, lamuriar e lamentar. Louvar, mesmo quando o nosso clamor parecer esquecido. “Apesar de tudo isso, Jó não cometeu pecado nem imputou nada de indigno contra Deus” (Jó 1, 22).
O mercado da oração
O que temos assistido no tempo presente é a deturpação da oração. Vemos a oração manobrada pelos nossos interesses, comercializada pelo mercado da fé, tabelada pelo império do sagrado. Anunciam a oração de pouco ou mais poder, numa negociata sem vergonha e sem pudores. Não entendem o discurso de Paulo sobre a graça: nada precisamos dar. Não galgamos méritos diante de Deus pelas nossas ações, porque Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2, 11).
O Espírito Santo dá a algumas pessoas um carisma especial de cura e libertação dos males para manifestar a força da graça que emana do ressuscitado, porém as filas quilométricas que se formam em frente de templos que prometem o fim do sofrimento e a libertação das enfermidades não estão em conformidade com esse propósito. Não estou fazendo apologia ao sofrimento e nem diminuindo o poder dos céus.
Paulo, na Bíblia, diz contundentemente que os sofrimentos que temos de supor tar podem ter como sentido “completar na minha carne o que falta às tribulações de Cristo por seu corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24).
Práxis de libertação
A oração é algo simples, que pode ser dita ou calada; apregoada ou sentida; nos joelhos prostrados ao chão ou na ação junto com o irmão. Orar é também agir fazendo brotar uma espiritualidade que nasce de um encontro forte com Deus na pessoa dos mais pobres. É a fé confrontada com toda a injustiça feita aos pequenos e desprotegidos de nossa sociedade.
Contemplar Cristo crucificado é fazer a experiência do Cristo Servo sofredor e, assim, percebê-lo em tantos rostos solapados pela ganância humana que produz cada vez mais crianças nas sinaleiras, cadeias lotadas e imundas, mulheres violentadas na sua dignidade, idosos em filas de hospitais, pessoas discriminadas e lesadas na liberdade. Enfim, tocar Cristo naquele que está na sarjeta, nos guetos, nas favelas, nas esquinas. É se encontrar com o crucificado que chora e grita: “Tenho fome, estou aprisionado, encontro-me nu” (Mt 25, 31-46).
Fazer a experiência orante exige indignar-se com a injustiça imposta aos pobres, no comprometimento com a libertação. É fazer parte da mística da vida que nos ensina que a minha felicidade passa pela felicidade do outro, que a minha ressurreição desponta com o ressuscitar do meu irmão que sofre.
Antônio José é professor e estudante de Teologia no Instituto Superior de Teologia e Pastoral de Senhor do Bonfim. Itiúba, BA.tonnysouza@gmail.com
Texto publicado no jornal Mundo Jovem, edição nº 396, maio de 2009, página 16.
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