TRABALHANDO
COM AS EMOÇÕES DAS CRIANÇAS
Trabalhar com os sentimentos, envolve delicadeza e percepção por parte
do educador. Não adianta falarmos se não colocarmos em prática aquilo que tanto
pregamos. O professor é o espelho das crianças, que buscam imitar sua postura e
gestos.
É preciso estar atento, para ver o que precisa ser trabalhado.
Com que emoções estamos lidando?
Como fazer a criança reconhecer seus sentimentos?
A criança está de luto, está triste, deprimida, agitada, ansiosa,
enfim... é preciso muita atenção e paciência para perceber os sentimentos de
cada um.
Abaixo segue um texto sobre este tema, encontrado na revista NOVA
ESCOLA e sugestões de atividades, encontradas em álbuns do Picasa.
Como criar uma escola acolhedora:
Dar carinho é só o começo. Você mostra que se importa com os alunos
quando ouve o que eles sentem e valoriza as capacidades e os gostos de cada um.
Assim, ajuda a formar pessoas mais felizes e cidadãos responsáveis.
Hoje em dia é assim: eu preciso, eu quero, eu vou. Cada vez mais a
sociedade estimula crianças e adolescentes a ter atitudes individualistas, que
passam bem longe da reflexão e da responsabilidade com o próximo. O jovem só se
sensibiliza quando se sente parte de um grupo — a família, a turma da escola, a
sociedade — e entende que, em cada um deles, sua presença e sua contribuição
são importantes.
Como a escola proporciona isso?
Oferecendo ao aluno o direito de ser ouvido e compreendido. Os
professores que trabalham dessa maneira dão ao estudante caminhos para
reconhecer seus sentimentos, desde pequeno. Daí para que ele se torne
responsável por suas atitudes é um pulo. Para que você crie esse ambiente
acolhedor, é necessário entender o que é afetividade e por que ela é
fundamental na formação de pessoas felizes, éticas, seguras e capazes de
conviver com os outros e com o planeta.
É preciso estimular a criança a dizer o que sente!!!
Imagine se um aluno de cinco anos chegasse um dia dizendo que queria
falar com você e emendasse: "Meus pais estão brigando muito. Acho que eles
vão se separar e estou com medo. Por isso tenho batido nos meus colegas".
Absurdo. Crianças dessa idade dificilmente têm essa capacidade de expressão.
Muito menos os adolescentes. Falar de sentimentos é difícil, principalmente na
falta de um ambiente propício, que dê segurança e proteção suficientes para
expor dores, medos e incertezas. Se o professor estimula a criança a expressar
o que sente, logo vê mudanças significativas no seu comportamento.
Foi o que aconteceu com Daniel*, de 10 anos. Em 2004 ele foi
matriculado na 4ª série do Colégio Ricaro, em São Paulo. Tinha
dificuldades em fazer amigos e agia de forma bastante agressiva. Com muita
paciência e conversa, a professora ganhou a confiança de Daniel, que passou a
contar os problemas que tinha em
casa. Aos poucos, ela descobriu que o garoto sentia muita
falta da mãe, que via raramente.
Sem estímulo para expressar sua carência, Daniel só sabia agredir. Ao encontrar a compreensão da professora, fez amizade com os colegas e passou a ver na escola uma aliada.
Sem estímulo para expressar sua carência, Daniel só sabia agredir. Ao encontrar a compreensão da professora, fez amizade com os colegas e passou a ver na escola uma aliada.
"Pagar com a mesma moeda a agressividade de um aluno é pior.
Trabalhamos muito com o Daniel para que, quando estivesse com raiva, não
descontasse nos outros. Ele aprendeu a falar o que sentia", conta Sílvia
Verônica Alkmin Piedade, coordenadora da escola.
Todo esse cuidado, que parece ir além das obrigações do professor com o conteúdo, reflete no rendimento do aluno. Daniel, por exemplo, apresentou uma melhora significativa ao longo do ano, concluído com boas notas. "É tarefa do professor ser justo e generoso com sua turma", afirma Yves deLa Taille , do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo. A justiça, segundo ele, está ligada a
tudo aquilo que é de direito do estudante.
Todo esse cuidado, que parece ir além das obrigações do professor com o conteúdo, reflete no rendimento do aluno. Daniel, por exemplo, apresentou uma melhora significativa ao longo do ano, concluído com boas notas. "É tarefa do professor ser justo e generoso com sua turma", afirma Yves de
Dar uma boa aula, por exemplo, é obrigação do professor. "Mas se
ele fica com a criança meia hora depois da aula para atender a uma dificuldade,
isso é generosidade. Além de sua conduta ser um exemplo, demonstra que se
importa com o aluno."
Pesquisa realizada com 70% dos professores de 1ª a 4ª série da rede municipal de Mutuípe, na Bahia, revela que 96% deles utilizam jogos, dinâmicas, brincadeiras, música e dança para prender a atenção da turma. No entanto, desses, apenas 13% se valem de tais atividades para trabalhar valores, emoções e sentimentos. "Os demais acham que esse tipo de atividade serve apenas como uma pausa no estresse entre um conteúdo e outro ou como uma forma de integrar, divertir ou tornar a aula prazerosa", afirma o psicopedagogo Silvar Ferreira Ribeiro, professor da Universidade do Estado da Bahia e coordenador da pesquisa. Os dados revelam, ainda, que também a maioria (87%) acredita que é possível e importante trabalhar as emoções, mas não sabe como fazer isso (veja quadro na página seguinte).
Pesquisa realizada com 70% dos professores de 1ª a 4ª série da rede municipal de Mutuípe, na Bahia, revela que 96% deles utilizam jogos, dinâmicas, brincadeiras, música e dança para prender a atenção da turma. No entanto, desses, apenas 13% se valem de tais atividades para trabalhar valores, emoções e sentimentos. "Os demais acham que esse tipo de atividade serve apenas como uma pausa no estresse entre um conteúdo e outro ou como uma forma de integrar, divertir ou tornar a aula prazerosa", afirma o psicopedagogo Silvar Ferreira Ribeiro, professor da Universidade do Estado da Bahia e coordenador da pesquisa. Os dados revelam, ainda, que também a maioria (87%) acredita que é possível e importante trabalhar as emoções, mas não sabe como fazer isso (veja quadro na página seguinte).
Alguns professores entrevistados por Ribeiro se interessaram pelo tema
da pesquisa e resolveram estudar mais sobre o assunto, como Raidalva Sena de
Souza, professora da 4ª série. "Passei a ver, na prática, como os alunos
mudam suas atitudes quando damos espaço para eles se expressarem", conta.
A professora teve vários alunos com histórias parecidas com a de Daniel.
"Eles queriam muito que eu soubesse o que se passava em sua vida",
conta. Um dos garotos tinha comportamento instável por causa de problemas
familiares. Raidalva se aproximou do aluno e utilizou em sala atividades para
falar dos sentimentos. "Hoje me emociono quando nos encontramos. Seu
carinho por mim é enorme e isso é uma recompensa."
Bater papo sobre valores funciona mais do que sermão:
Os estudantes precisam pensar sobre as próprias atitudes e reconhecer os
sentimentos que movem suas ações. Quando eles fazem isso, surgem oportunidades
de, na prática, construir valores positivos. No caso de um aluno mentir, por
exemplo, o ideal é conversar reservadamente com ele questionando as consequências
dessa atitude, de como os colegas vão agir ao descobrir a verdade. E se há
furto na sala, o melhor é bater um papo, na hora, sobre valores importantes
como honestidade, justiça e confiança. "Construir valores não é escrever
no quadro que temos de ser solidários ou que não podemos bater nos colegas",
afirma a educadora Luciene Regina Paulino Tognetta, do Laboratório de
Psicologia Genética da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo. "Isso
se faz dando ao aluno a oportunidade de se colocar no lugar do outro e achar
soluções alternativas para seus conflitos, sem agressão."
A questão, no entanto, inquieta os educadores. Até que ponto a escola
deve interferir na formação dos valores da criança? Para Telma Vinha,
professora da Universidade de Franca, em São Paulo , a escola trabalha o tempo todo com o
assunto, mesmo sem planejar. "Isso ocorre quando são estabelecidas regras
de convivência, por exemplo. Mesmo o professor que se coloca numa posição de
apenas transmissor de informação também está passando um valor: o de que é o
adulto que detém o saber", afirma. A construção de valores e atitudes cabe
à escola, sim. O seu papel, professor, é identificar entre tantas opções o que
pretende construir com sua turma.
DICAS:
Aproximar-se para o aluno
compreender o quanto você se importa com ele.
Ouvir é a melhor maneira
de formar pessoas seguras e felizes.Valorizar o melhor de cada um é essencial para o crescimento.
Acreditar para melhorar a imagem que a criança tem de si mesma.
Acreditar no estudante é uma forma de ajudá-lo a crescer:
O modo como os professores enxergam a criança é essencial para o sucesso da
aprendizagem. Quando não julgam e procuram se aproximar do aluno, acreditam
nele, observam seu comportamento e incentivam suas capacidades, ele tem tudo
para crescer. Com a ajuda dos professores da Unidade Integrada Mariana Pavão,
da rede pública de São Luís do Maranhão, Vítor*, 13 anos, aluno da 4ª série,
passou de "aluno-problema" para um dos melhores da turma. Filho de
pais separados, ele mora com a mãe — que trabalha muito e não tem tempo de cuidar
dele. Sem vigilância, o garoto passava a maior parte do tempo na rua e pouco ia
à aula.
A diretora da escola onde Vítor estuda, Maria do Amparo Cantanhede
Uchôa, acompanhou o aluno desde a 1ª série. "Quando ele chegou, mostrava
um comportamento agressivo, o que se explica facilmente pela sua história de
vida", conta. Em vez de considerar Vítor um caso perdido por causa de seus
problemas familiares, ela e as professoras se empenharam para ajudá-lo a ter
perspectivas e sonhos. E Vítor já tem. "Quero fazer faculdade, ter um
emprego, uma casa, uma família."
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