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6 de julho de 2012

26 de Julho: dia da vovó

Comemora-se o Dia dos Avós em 26 de Julho, e esse dia foi escolhido para a comemoração porque é o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.

Dia da VovóConta a história que Ana e seu marido, Joaquim, viviam em Nazaré e não tinham filhos, mas sempre rezavam pedindo que o Senhor lhes enviasse uma criança.
Apesar da idade avançada do casal, um anjo do Senhor apareceu e comunicou que Ana estava grávida, e eles tiveram a graça de ter uma menina abençoada a quem batizaram de Maria.
Santa Ana morreu quando a menina tinha apenas 3 anos.
Devido a sua história, Santa Ana é considerada a padroeira das mulheres grávidas e dos que desejam ter filhos.
Maria cresceu conhecendo e amando a Deus e foi por Ele a escolhida, para ser Mãe de Seu Filho.
São Joaquim e Santa Ana são os padroeiros dos avós.
O Dia dos Avós gera polêmica por conta das críticas dos que só vêem o lado comercial da comemoração.
Mas o papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afetivo e financeiro de pais e filhos.
Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.
As avós são também chamadas de "segunda mãe", e muitas vezes estão ao lado e mesmo à frente da educação de seus netos, com sua sabedoria, experiência e com certeza um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.
Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.

Fonte: www.belita.org

Como se diz amigo e amizade em várias linguas


como se diz amigo e amizade em várias linguas e idiomas

 Amizade = sentimento de amigo, afeto que liga as pessoas, reciprocidade de afeto, benevolência, amor (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, Michaelis, 1ª edição, 1998, Cia. Melhoramentos de São Paulo, página 132).
Amizade = sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual; entendimento, concordância, fraternidade; benevolência, bondade (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, 2ª edição, 1986, Editora Nova Fronteira, página 106).

Diga AMIGO em vários idiomas

Português
Amigo
Amizade
Ingês
friend
friendship
Holandês
vriend
vriendschap
Frances
ami
amitié
Alemão
Freund
Freundschaft
Italiano
amico
amicizia
Espanhol
amigo
amistad

Curiosidade: amigo e amizade...

A evolução da amizade ao longo do temnpo

A evolução da amizade - Amigos e amizades no decorrer do tempo

Antiguidade: principalmente na Grécia dos séculos 4º e 5º, a amizade era uma virtude a ser exaltada, parte da ética. Uma das mais importantes obras de referência sobre a amizade é justamente "Ética a Nicômano", de Aristóteles.
Idade Média: a amizade implicava demonstrações de coragem e lealdade, bem ilustrada na saga do rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.
Fim do século 15: o descobrimento de outros mundos cria condições de compreender a amizade de novas formas, a possibilidade de tolerância e convivência com o diverso.
Mundo contemporâneo: a precariedade dos relacionamentos e a convivência obrigatória valorizam a amizade como um espaço privado sem ser solitário, no qual as pessoas podem manifestar suas subjetividades.

(Folha de S.Paulo)

FONTE: http://www.esoterikha.com/dia-dos-namorados/concepcoes-de-amizade-longo-do-tempo.php

Dinâmica para fazer no dia do amigo

Amigo é o que guia e desafia

Objetivo dessa dinamica para o dia do amigo é despertar para a importância que temos na vida das pessoas que estão ao nosso redor e da confiança que precisa existir na caminhada do grupo.

Clarear os passos: Convidar os participantes a formar duplas, ficando um ao lado do outro. A dupla combina quem será o cego e quem será o guia. O cego fecha livremente seus olhos e é auxiliado pelo guia. O guia, de olhos abertos, dá o seu ombro ou a sua mão e o ajuda. Enquanto isso, estar atento aos sentimentos que experimenta:
Como cego, o que sente ao ser auxiliado? / Como guia, o que sente enquanto auxiliador?

Caminhando: As duplas (cego e guia) seguem por diversos caminhos, inclusive passando por obstáculos, se o guia assim o quiser. Deixa-se um tempo para que haja a vivência necessária. Depois, o animador da dinâmica orienta para que se mudem os papéis: quem é cego torna-se agora guia e quem guiava, é o cego. E a dinâmica segue por alguns minutos.

Partilha: O animador da dinâmica dá um sinal de parada e as duplas voltam à sala, para partilharem com o grupo a experiência feita: o que sentiram como cegos e como guias? Como isso se aplica à nossa vida e à vida do grupo? E em nossas relações de amizade?

Após as conclusões, finalizar com o “Poema do Amigo Aprendiz".

Quero ser seu amigo... (Quero ser sua amiga...)
Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te, sem medida. E ficar na tua vida. Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade. Sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade.
Sem falar quando for hora de calar. E sem calar quando for hora de falar.
Nem ausente e nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz...
É bonito ser amigo... (É bonito ser amiga). Mas, confesso, é tão difícil aprender
E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças! Dá-me um tempo de acertar nossas distâncias!
Quem encontrou um amigo... Tem “o maior tesouro que a vida nos poderia dar....
Conclusão: Essa atividade para o dia do amigo estimula o estreitamento de laços de amizade entre membros de um grupo e propicia a harmonia no ambiente de trabalho.

4 de julho de 2012

Um pouco mais da história da Revolução Const. de 1932

O Arquivo Vivo, fazendo jus ao dia de hoje, 09 de julho, versará acerca do movimento político que ficou conhecido como "A Revolução Constitucionalista de 1932", uma rebelião ocorrida em São Paulo, no dia 09 de julho de 1932, contra o governo de Getúlio Vargas, rebelião esta que, embora derrotada militarmente, atingiu o objetivo pretendido, pois em 1934 ocorreram eleições para a Assembléia Constituinte e, em 1934, promulgou-se a nova Constituição; ademais, pode-se acrescentar ainda o consequente declínio político dos tenentes.As imagens publicadas, a seguir, foram todas extraídas da revista "A Cigarra" (disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo), numa de suas edições de julho do mesmo ano da Revolução. E para completar o nosso "Arquivo Vivo", seguem três textos que tratam e explicam a questão. Vamos lá...
 

Capa de uma das edições de julho de 1932 da revista "A Cigarra". A ilustração do bandeirante representa ideologicamente o Estado de São Paulo na sua luta contra o regime politico de Getúlio Vargas, que tinha o apoio político da quase totalidade dos estados brasileiros.
Crônica publicada na revista "A Cigarra" no dia de julho de 1932, uma semana após estourar a Revolução: "São Paulo despertou de um pesadelo de vinte meses, em que o mergulhou a noite da Revolução..."
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A Revolução Constituconalista de 1932"A aliança de classes formada no Governo Provisório não conseguiu conter a insatisfação social e logo começou a desmoronar.A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (dezembro de 1930), com o propósito de atrelar o operariado ao Estado, não modificou as relações entre patrões e empregados. Como na República oligárquica, as manifestações operárias continuaram sendo uma “questão de polícia” o que colocava o proletariado em campo oposto ao do governo.Outro setor que começou a se distanciar do Governo Provisório foi o da burguesia industrial, cuja maior parcela estava concentrada em São Paulo. A razão do descontentamento era a ausência de medidas protecionistas e de incentivo à atividade industrial por parte do governo, que esperava obter crescimento e diversificação da produção exclusivamente como resultado da aplicação da política de depreciação cambial. Este expediente, utilizado com freqüência na República oligárquica, consistia numa desvalorização da moeda nacional — o mil-réis — diante da moeda forte — a libra —, e em seus desdobramentos:• a conversão das libras obtidas com as exportações em mil-réis ainda mais desvalorizados fazia crescer a receita do país;
• o pagamento das importações, em libras, exigia uma quantidade maior de mil-réis, o que significava produtos importados mais caros e conseqüentemente uma inibição das importações e um estímulo à produção industrial brasileira.De fato, essa política resultaria num crescimento industrial significativo, que constituiu a fase de industrialização conhecida como de substituição de importações. Mas naquele momento, de resultados ainda modestos, a burguesia paulistana não vê no Governo Provisório o atendimento de seus interesses mais imediatos e passa a cobrar a constitucionalizacão e realização de eleições.A classe média, embora beneficiária dos novos empregos criados pelo setor industrial e de serviços em expansão, também exige a constitucionalização do país e a reforma do sistema eleitoral, que vinham sendo adiadas por Vargas. Este, ao contrário, ampliava os poderes do Governo Provisório, incluindo o de legislar até a instalação da Assembléia Constituinte.As velhas e novas oligarquias paulistas engrossaram as fileiras da luta constitucionalista. Para elas, a realização de eleições naquele momento seria extremamente favorável, pois sabiam que Vargas não tivera tempo para desmontar os viciados currais eleitorais e enfraquecer o poder político dos chefes locais.Ainda que não estivessem juntas em 1930, as forças do PRP aproximaram-se dos constitucionalistas liberais do PD (Partido Democrático) e formaram a Frente Única Paulista, que buscou o apoio das oligarquias do Rio Grande do Sul (Borges de Medeiros) e de Minas Gerais (Artur Benardes).Se os tenentes, cooptados por Vargas, eram agora interventores nos estados, alguns setores da alta oficialidade do Exército preparavam com as forças constitucionalistas e oligárquicas de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul a revolta armada. A rebelião paulista explodiu a 9 de julho de 1932, liderada por Bertoldo Khinger.Os revoltosos paulistas, entretanto, tiveram de levar sozinhos a luta, já que Flores da Cunha, interventor gaúcho, e Olegário Maciel, líder mineiro, permaneceram fiéis ao governo federal. A prisão de Borges de Medeiros e Artur Bernardes isolou a revolta paulista, facilitando o cerco de São Paulo pelas tropas federais.A cidade de São Paulo foi bombardeada e o fim das lideranças revoltosas trágico. Milhares de pessoas tombaram defendendo a constitucionalização do país, sem saber que o que estava em jogo eram as ambições políticas dos coronéis-fazendeiros que, através de fraudes eleitorais, governaram antidemocraticamente o país por longos anos durante a República oligárquica."
Fonte:
José Dantas: “História do Brasil: das origens aos dias atuais”. Editora Moderna. São paulo, 1989, p. 230-231
Comício na capital paulista, em julho de 1932

Outro aspecto do comício realizado em São Paulo, no centro da cidade

Outra fotografia do comício realizado na Praça do Patriarca, na capital de São Paulo
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A pátria bandeirante: entre o passado e o presente
"Tratar da identidade constitucionalista é identificar um “ser paulista” que se refere não apenas ao paulista de nascimento, mas todos que congregariam de um “espírito paulista”. A guerra civil ficou na história como uma questão paulista e o isolamento a que o estado foi subjugado durante o conflito exacerbou ainda mais as percepções nesse sentido. Para que o movimento ganhasse expressividade e agregasse o maior número possível de militantes e simpatizantes, tornou-se estratégico o uso de propagandas que divulgavam a auto-imagem do grupo constitucionalista vinculada à exaltação e reafirmação da identidade deste “ser paulista”, entrecruzava-se, assim, as duas identidades. O velho bandeirante construtor da nacionalidade teria agora que defendê-la, empunhando a constituição como arma. Os historiadores, sobretudo da revista do Instituto Histórico Geográfico de São Paulo (IHGSP), como Afonso de Taunay e Alfredo Ellis Jr., atribuíram aos paulistas o papel de construtores da nacionalidade. Aos intelectuais e, sobretudo, à imprensa coube o papel de exaltar a superioridade desse povo diante do novo desafio, a luta pelo retorno da norma constitucional.

Segundo Peter Burke (2000), cada sociedade, assim como os indivíduos, seleciona os acontecimentos e valores a serem retidos na memória e depois determina também a maneira com que devem ser rememorados. Essa observação se aplica à experiência paulista, pois a construção da identidade do movimento de 1932 perpassou pela adaptação dos valores e da história paulista aos princípios constitucionalistas. Nesse sentido, os feitos e as personagens do passado são rememorados e outras vezes também ressignificados no trabalho de construção de uma imagem do Estado de São Paulo personificado como sujeito coletivo, civilizador e promotor do progresso nacional. Busca-se também promover a coesão de diversos grupos sociais e étnicos, resgatando a importância destes nos cenários das mudanças regionais, formando uma aparente homogeneidade firmada na identidade una do “ser paulista”.

Danilo Zioni Ferretti e Maria Helena Capelato (1999) afirmam que, desde o final do século XVIII, a elite paulista esforçava-se por formar a identidade de São Paulo como a vanguarda da nacionalidade. Segundo os autores, a partir de 1870, a elite cafeicultora, marcada pela orientação republicana e liberal descentralizadora, empenhou-se em representar o paulista como um povo singular que tinha como principal característica o empreendedorismo, visto o desenvolvimento e a consolidação do café no oeste da província.

Segundo este discurso, os "brasileiros" seriam caracterizados pela submissão e dependência frente ao governo, pela falta de iniciativa, indolência e preguiça. Já os paulistas seriam marcados pelo desenvolvido "espírito empreendedor", pela iniciativa, tenacidade, energia e independência perante o governo. Disso concluía-se que o paulista era uma "exceção" no conjunto do império e o rápido crescimento da província e sua participação no movimento republicano, devido única e exclusivamente ao espírito empreendedor de seus filhos, comprovaria tal fato. (FERRETI e CAPELATO, 1999, p. 5)

Ferreti e Capelato demonstraram que tais grupos paulistas buscavam representar a superioridade do estado no conjunto do Brasil, além de marcarem com clareza a excepcionalidade de São Paulo, aproximando-se do norte americano. O auge das discussões foi dos anos 1920 e início dos anos de 1930, quando a temática passou a ser discutida nos diversos veículos de comunicação. Nesse contexto, o levante de 1932 marcou mais um surto de paulistanismo.

Segundo Maria Helena Capelato (1989), o jornalista paulista Amadeu Amaral referiuse ao “imperialismo benéfico de São Paulo”, que justificava o papel de liderança que esse estado deveria assumir na grandiosa obra de transformação do Brasil em uma potência. A definição do Estado de São Paulo como a “locomotiva que puxa os vagões vazios” é ressaltada em vários estudos econômicos e sobre a dinâmica industrial.

Para continuar sendo a “locomotiva” do Brasil e, naquele momento, defender o país da ditadura varguista, os paulistas tinham consciência de que o estado necessitava de “trilhos” fortes. Durante os primeiros anos da década de 1930, os paulistas tentaram agregar os outros estados à campanha constitucionalista. Contudo, o apoio conseguido nessas regiões não foi oficial, restringindo-se a alguns líderes isolados em Minas, no Rio Grande do Sul e no Mato-Grosso. A falta de apoio, especificamente de Minas Gerais, ressentiu os paulistas, pois, até então, a integração entre os dois estados era estendida do campo econômico ao político. Minas e São Paulo eram os “dois irmãos” da política Café com Leite; foram aliados na Aliança Liberal, que incluiu o Partido Republicano Mineiro e o Partido Democrático. O estado de Minas Gerais era o vizinho com que os paulistas esperaram contar até o último instante em 1932. Contudo, o passado de integração ficou para trás, pois o momento colocava antigos aliados em lados contrários. Paulo Duarte (1947, p. 302) comenta com pesar a separação dos antigos companheiros de luta: “O mineiro, este era da família. Vizinho amável, um pouco agarrado, mas companheiro firme de todas as agruras. Entretanto, hoje nos mostrava as coisas diferentemente”.

A situação de isolamento exacerbou ainda mais o sentimento regionalismo que existia em São Paulo. A população do estado revestiu-se de uma espécie de “patriotismo regionalista”, que se caracterizava pela divulgação de que o bem do Brasil passa pelo bem de São Paulo. Naquele momento, os paulistas colocaram-se à disposição para guerrilha ofertando esforços, bens, trabalho, família e a própria vida em defesa da Pátria.

Os paulistas viam nos dados econômicos e na compreensão de sua própria história o status que legitimava a sua liderança nacional e justificava o apoio ao movimento constitucionalista solicitado aos outros estados. Para reforçar ainda mais a própria representação, os paulistas foram envolvidos nos discursos nostálgicos de valorização das glórias do passado. A imagem do paulista vinculada ao empreendedorismo e à liberdade aparece na obra de Paulo Duarte relacionada à luta constitucionalista pela democracia, tendo como símbolo os bandeirantes e ex-escravos do Quilombo dos Palmares.

A imagem dos ancestrais bandeirantes é retomada numa visão romântica de heróis paulistas. Considerava-se que São Paulo gozava as honras do estado mais rico do país graças à tenacidade daqueles que o construíram, ou seja, dos desbravadores do território nacional que enfrentaram os perigos das matas e foram recompensados pela descoberta das riquezas.

A febre épica de valorização do bandeirante tinha finalidade comparada a de um mito de origem, que celebra os feitos do passado e justifica as ações do presente. A valorização da figura do bandeirante como herói descobridor do país daria ensejo à superposição de uma parte sobre o todo, ou seja, de São Paulo sobre o Brasil.

Os feitos paulistas ganharam realce na reflexão sobre a história do Brasil. Grande parte da riqueza nacional tinha origem no estado. Não só o sucesso das expedições bandeirantes, mas também o empreendedorismo dos cafeicultores paulistas possibilitaram que o desenvolvimento de São Paulo se diferenciasse da economia mineira e fluminense. A região tornou-se a mais avançada do país e sua imagem estava diretamente ligada a ideia de progresso nacional, pois a economia paulista se tornou o centro dinâmico da economia brasileira, sendo responsável por uma impulsão do crescimento econômico das outras regiões.

Assumiu-se o bandeirante como símbolo dos paulistas na revolução de 1932, sendo este um momento de encantamento cívico, organizado em torno da simbologia regional. Esse espírito de patriotismo paulista é chamado por Holien Bezerra (1988) de “mito da paulistanidade”20, cujas características são o apelo emocional aos bandeirantes e o discurso homogeneizador com ênfase na unidade e na harmonia da população do estado.

As características citadas por Bezerra podem ser identificadas na narrativa de Paulo Duarte (1947, p. 14) sobre o front: “Não via o espaço, via o tempo. Via diante a guerra vencedora. Via o paulista atravessando mais uma vez, na nova bandeira, as serras em que agora se batia. Via-o entrando pelo Brasil a dentro para, de novo, dar o Brasil ao Brasil”. Percebe-se nas palavras do autor a generalização em torno de “o paulista”, como se toda a população estivesse envolvida na guerra civil e como se o espírito bandeirante pudesse se conservar no tempo. Os cartazes do movimento com figuras de bandeirantes ilustraram a citação de Paulo Duarte, quando o autor falou em “Dar o Brasil ao Brasil”.
[...]

Fonte:
Sherloma Starlet Fonseca: “Memórias de um Constitucionalista: Paulo Duarte e a Guerra Civil de 1932. (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, da Faculdade de História, da Universidade Federal de Goiás, como requisito para a obtenção do Título de Mestre em História. Área de concentração: Culturas, fronteiras e identidades. Linha de Pesquisa: História, memória e imaginário social. Orientador: Prof. Dr. Noé Freire Sandes). Goiânia, 2009.

Estudantes empunhando a bandeira de São Paulo durante passeata
 
Waldemar Ferreira e Roberto Moreira falando pelo microfone da Rádio Cruzeiro do Sul, conclamando o povo a lutar pela constitucionalização do país e pela autonomia política de São Paulo
 
A multidão reunida no comício na Praça da Sé, no centro de São Paulo
 
Outra vista da multidão durante o comício de 1932, promovido pela Liga Paulista Pró-Constituinte
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Campanha Constitucionalista: uma guerra feita de papéis, palavras, símbolos e açõesEsta não é uma revolução política, é, antes, uma explosão humana; não é uma rebellião de partidos, é uma reacção de sentimentos, uma insurreição geral, unânime, irresistível, de um povo que se vira ludibriado até a degradação. - José Maria Whitaker. (Departamento da Campanha do Ouro)
Povo de São Paulo
Não vos deixeis illudir pelas artimanhas dos politiqueiros profissionaes, esses politiqueiros vulgares, que nas suas arremettidas para galgarem o poder não trepidam em usar o nome do Povo, como se fosse uma de suas camisas sujas. (Folha volante anônima que circulou em São Paulo)
”As correlações de forças malogradas nos limiares dos anos de 1930, cujo resultado mais evidente materializou-se no confronto armado de 1932, encontram no âmbito cultural e nas esferas do ressentimento, dos valores regionais e das rivalidades e manifestações hostis, vértices explicativos importantes para o desfecho dissonante que tiveram. Percorrendo todo o processo do relacionamento entre os paulistas e o Governo Provisório, as tentativas de apropriação do campo simbólico constituem, por conseguinte, objetos certamente não menos significativos que as violentas e acirradas disputas bélicas para problematizar o levante de 1932.

Manifesta-se clarividente que, em sintonia com os desentendimentos, rupturas e rearticulações partidárias, desenvolve-se uma guerra visceral entre os candidatos ao comando do país, feita inicialmente de papéis e palavras. Nela, antes mesmo da radicalização armada, traços culturais, rumores e anseios egocêntricos foram explorados com a finalidade primordial de arregimentar adeptos às idéias em pugna e demonstrar a imponência dos trunfos sociais que dispunham no cenário político nacional. O crepitar da sublevação, não obstante, veria o agravamento sistemático das disputas pelo domínio do âmbito espiritual, como um vetor estratégico da luta.

Os ecos desta batalha insofismável, que no anseio bélico perpassou os aguçados sentimentos e identidades regionais, deixaram marcas vigorosas na sociedade, algumas das quais ressoam candentemente nos debates acadêmicos hodiernos. Para Maria Helena Capelato, em livro de divulgação, os materiais produzidos pelos combatentes no nível discursivo são indispensáveis fontes de conhecimento, que, até então, permanecem ao aguardo do historiador: “os panfletos, os artigos publicados em revistas, os jornais da época constituem material importante para a compreensão do ‘levante paulista de 32’, que continua ainda à espera de uma interpretação crítica”.
A relevância do enfrentamento pelo campo dos símbolos e das sensibilidades para o estudo da resistência paulista é sugerida mesmo pelos intérpretes que refutam a expressividade da campanha proselitista na arregimentação do voluntariado. O fotógrafo e historiador Jeziel de Paula afirma que a representação discursiva criada pelo governo deGetúlio Vargas, após o término do conflito tornou-se vitoriosa e teria sido oficializada, inclusive, pela historiografia de esquerda. Pois, “é possível detectar, principalmente nos círculos acadêmicos dos anos 60 e 70, uma tendência em aproximar as versões explicativas do acontecimento ao discurso dos vencedores, propagado em pleno exercício do poder”.
Deste modo, neste capítulo, proponho-me a refletir sobre esta problemática, na medida em que as análises históricas produzidas no final dos anos de 1970 constituem o que podemos caracterizar como o “campo clássico” das pesquisas sobre 1932, e, a despeito da eventual aproximação historiográfica com o discurso dos vencedores, a versão dos vencidos é que se consolidou pujantemente na memória coletiva dos paulistas, como sinônimo da grandeza do estado.

Para tanto, buscando reavaliar e apreender a dinâmica do processo histórico que permitiu, a partir da fecunda imbricação entre os interesses políticos e a exploração das dimensões culturais da sociedade, a eclosão do confronto armado, retoma-se o itinerário percorrido por essas emulações discursivas e partidárias. Inicialmente, cumpre esmiuçar as complexas relações entre a sociedade paulista e o Governo Provisório que redundaram em ruptura no princípio de 1932, pensando-as como elemento imprescindível para a compreensão do levante, pois este processo foi reducionalmente entendido pela historiografia como de reação do Partido Democrático de São Paulo contra o “tenentismo” e suas tendências centralizadoras. Em seguida, evidenciados os descontentamentos da sociedade paulista e sua expressividade no cenário político, nem sempre considerados pela produção historiográfica, a análise recairá sobre o momento em que a retórica perpetrada pela burguesia se avoluma, fomentando e canalizando a ação das massas nas ruas de São Paulo. Por fim, investiga-se a conformação do debate público travado nos tempos de confronto, com a função de vencer o adversário no plano discursivo e abrir caminho para a exploração massiva do imaginário social em meio à tentativa desesperada de conquistar corações e mentes, em âmbito nacional, para a batalha.”

Fonte:João Paulo Rodrigues: “O Levante “Constitucionalista” de 1932 e a Força da Tradição: Do confronto bélico à batalha pela memória – 1932/1934”. (Tese apresentada à Faculdade de Ciências e Letras de Assis – UNESP – Universidade Estadual Paulista para a obtenção do título de Doutor em História (Área de Conhecimento: História e Sociedade). Orientadora: Profa. Dra. Zélia Lopes da Silva). Assis, 2009.

Multidão que compareceu ao quartel da Força Pública


Pessoas envolvidas no movimento revolucionário
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Fonte das imagens:
Revista "A Cigarra", julho de 1932, disponível digitalmente no site do Arquivo Público do Estado de São Paulo

Alguns cartazes da Revolução Constitucionalista de 1932







Atividades: aprendendo através das imagens - Revolução Constitucionalista de 1932

Os cartazes e charges são interessantes instrumentos de reflexão sobre o passado histórico. Ao utilizarmos esse tipo de fonte em sala de aula, o professor deve ter em mente a importância de se desconstruir o poder dessas imagens. As charges e cartazes sempre partem de um grupo ou indivíduo marcado por alguns interesses e perspectivas sobre um fato vivido. Partindo desse pressuposto, podemos dar aos alunos uma interessante sugestão de atividade sobre a Revolução Constitucionalista de 1932.

Para iniciar a discussão, podemos problematizar o referencial estético e histórico que, possivelmente, influenciou a fabricação do cartaz. A revolução foi mobilizada através de uma chamada popular que incitava a população paulista a se voltar contra o governo de Getúlio Vargas. Os exércitos foram convocados através de cartazes que reivindicavam a elaboração de uma constituição que desse fim ao governo golpista instalado por Getúlio Vargas.

Nesse aspecto, seria interessante traçar um paralelo entre os cartazes da Revolução Constitucionalista e do Exército estadunidense da Primeira Guerra Mundial. O apelo nacionalista utilizado pela figura do Tio Sam, convocando o cidadão às armas, foi reinterpretado por um combatente paulista determinado a lutar contra o regime que chegou ao poder com a Revolução de 1930. Entre outros pontos, pode-se destacar como os meios de comunicação da época apresentavam uma notória integração com o cenário internacional.


Convocação do “Exército Constitucionalista de São Paulo” x “Tio Sam” convocando os EUA à 1ª Guerra Mundial.

Uma outra situação a ser problematizada por meio de imagens também pode ser vista por meio do caráter libertário da Revolução Constitucionalista. Em muitos dos cartazes e discursos havia uma preocupação em colocar o levante paulista como uma demanda política de caráter libertário. Na visão dos revolucionários, concordar com o regime de Vargas significava o fim das liberdades democráticas da nação.

Seguindo a mesma linha de comparações, podemos ver em um outro cartaz como a figura feminina que representou a liberdade na Revolução Francesa também aparece no movimento brasileiro. A comparação entre o quadro ”Liberdade guiando o povo” e o cartaz nos demonstra como as imagens e ideais de uma revolução estrangeira do século XVIII serviram de inspiração na justificação
ideológica e na simbologia da experiência engendrada no Brasil.


Cartaz do “Partido Republicano Paulista” x “Liberdade guiando o povo” de Eugène Delacroix.

Ao demonstrar as imagens procure trabalhar com as obras em separado, destacando o contexto histórico no qual cada uma delas foi criada. Ao mesmo tempo, ressalte que a aparente imitação vista entre as obras e os cartazes não nos oferece a conclusão de que os revolucionários paulistas gostariam de ser como os franceses ou norte-americanos. O que de fato ocorre é que as lembranças do passado acabam trazendo a fixação de elementos representativos que circulam em diferentes contextos e épocas.

Fazendo esse tipo de trabalho com imagens, o professor pode cobrar alguma atividade onde seja realizada a percepção crítica de cada um dos alunos. Depois disso, a discussão das análises de cada um pode trazer à tona de que forma ainda hoje somos influenciados por referenciais do passado. Por fim, pode-se mostrar aos alunos de que forma o passado tem o poder de influenciar distintas épocas.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

Revolução Constitucionalista de 1932

Um dos mais importantes acontecimentos da história política brasileira ocorridos no Governo Provisório de Getúlio Vargas foi a Revolução Constitucionalista de 1932, desencadeada em São Paulo. Foram três meses de combate, que colocaram frente a frente nos campos de batalha forças rebeldes e forças legalistas.
A chamada "Era Vargas" começa com a Revolução de 30 e termina com a deposição de Getúlio Vargas em 1945. É marcada pelo aumento gradual da intervenção do Estado na economia e na organização da sociedade e também pelo crescente autoritarismo e centralização do poder. Divide-se em três fases distintas: governo provisório, governo constitucional e Estado Novo.
Getúlio Vargas
Getúlio Vargas é conduzido ao poder em 3 de novembro de 1930 pela Junta Militar que depôs o presidente Washington Luís. No poder, não respeitou a autonomia de São Paulo, nomeando um Interventor de fora. Isso desgostou os paulistas, sobretudo os dirigentes do Partido Republicano Paulista (PRP), que não se conformavam com o fato de São Paulo estar sendo comandada por um "estranho".
O governo provisório é marcado por conflitos entre os grupos oligárquicos e os chamados tenentes que apóiam a Revolução de 30. No dia 25 de janeiro de 1932, aniversário da cidade, houve um imenso comício na Praça da Sé, colorido com bandeiras do município. Partidos políticos que eram rivais estavam unidos.
Em fevereiro a situação se agravou. O Partido Democrático (PD) rompeu com Vargas e seu governo, ao mesmo tempo que se aproximaou dos antigos adversários do Partido Republicano Paulista (PRP), formando a Frente Única Paulista (FUP), que se tornou a porta-voz das reivindicações de reconstitucionalização e de autonomia administrativa para o estado de São Paulo. Mais do que isso, a FUP passou a articular, junto aos meios militares e a algumas das principais entidades de classe do patronato paulista, a preparação de um movimento armado contra o Governo Provisório.
Comício
O descontentamento foi aumentando e o povo se revoltou. Em 22 e 23 de maio, estudantes e populares queimaram e empastelaram as redações dos jornais ditatoriais e, nesse conflito, foram mortos quatro estudantes de Direito: Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo. O nome dos quatro serviu para no futuro designar o movimento paulista: MMDC. O primeiro a morrer foi Camargo, justamente o estudante que era casado e pai de três filhos.
A ideia de revolução tomou conta de todos, sem distinção de classe social. São Paulo estava confiante da vitória, pois contava com o apoio dos militares de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Mas somente Mato Grosso manteve-se leal a SP. O comandante da Revolução era o general Isidoro Dias Lopes, apoiado fortemente pelo contingente de Mato Grosso, comandado pelo general Bertoldo Klinger.
No dia 9 de julho de 1932, o Interventor Pedro de Toledo telegrafava ao ditador Getúlio Vargas: "Esgotados os meios que ao meu alcance estiveram para evitar o movimento que acaba de se verificar na guarnição desta Região ao qual aderiu o povo paulista, não me foi possível caminhar ao revés dos sentimentos do meu povo". Começava a Revolução Constitucionalista.
A revolução teve apoio de amplos setores da sociedade paulista. Pegaram em armas intelectuais, industriais, estudantes e outros segmentos das camadas médias, políticos ligados à República Velha ou ao Partido Democrático. O que os movia era principalmente a luta antiditatorial.
Poster de Convocação
Nos poucos meses de conflito, São Paulo viveu um verdadeiro esforço de guerra. Não apenas as indústrias se mobilizaram para atender às necessidades de armamentos, mas também a população se uniu na chamada Campanha do Ouro para o Bem de São Paulo. Pela primeira vez buscavam-se iniciativas não apenas militares para romper o isolamento a que o estado fora submetido. Faltou, no entanto, a esperada adesão das forças mineiras e gaúchas. Os governos de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, embora apoiassem a luta pela constitucionalização, decidiram manter-se leais ao Governo Provisório.
Isolado, o movimento fracassou. Em 1º de outubro de 1932 foi assinada a rendição que pôs fim à Revolução Constitucionalista. Enquanto os principais líderes tiveram seus direitos políticos cassados e foram deportados para Portugal, o general Valdomiro Lima - gaúcho e tio de Darcy Vargas, mulher de Getúlio - era nomeado interventor militar em São Paulo, cargo em que permaneceria até 1933.

Fonte:

Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil
http://www.unificado.com.br/calendario/07/rev_const.htm
http://www.brasilescola.com/historiab/revolucaoconstitucionalista.htm


EXTRAÍDO: http://www.algosobre.com.br/historia/revolucao-constitucionalista-de-1932.html

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